O AURICULAR BLUETOOTH
Todos nós de certeza que já vimos no meio da rua, aqueles cromos que andam com um aparelho no ouvido, pomposamente designado como auricular bluetooth. Mas alguém sabe realmente o porquê de tal demonstração de saloiice? O que move esses indivíduos na sua demanda para dar nas vistas? Em rigoroso exclusivo, Ene Capítulos teve acesso a toda a verdade sobre este recente fenómeno. Prezados leitores na realidade, o que todas estas pessoas sentem... é inveja! Sim meus caros, inveja! Inveja, nem mais nem menos do que dos aparelhos auditivos dos surdos, principalmente os da famosíssima “Casa Sonotone”, dirigida pela Engª Ilda Capinha (em caso de dúvida consulte a secção de classificados de qualquer jornal de fraca qualidade, incluindo o “Destak”, esse ícone da cultura popular). Tal conclusão surgiu após uma profunda investigação, que demorou cerca de meia hora. Em conversa com o Tó Manel, que deambulava sem rumo pelas ruas da capital, preso pelo seu ouvido por um auricular Bluetooth, o jovem abre o seu coração para a nossa reportagem. “É mais forte do que eu!” afirma com olhos a brilhar pela nítida comoção. “Um gajo começa por usar só no carro enquanto conduz, mas depois... torna-se um vício. Todo o glamour à volta do aparelho fascina-nos! Quando desço a rua com o auricular no ouvido todos os olhos se viram para mim, em nítido sinal de admiração. Principalmente no momento em que estou em conversação”. Tó Manel confessa-se arrependido por se ter tornado dependente do auricular Bluetooth: “Eu comecei a usar só por graça e porque sempre tive inveja do aparelho auditivo da Casa Sonotone que a minha avó usava. Eu sempre o pedi emprestado para ouvir um pouco de música. Mas o som devia ser tal alto que a vaca da velha nunca me ouvia.” Desta forma, a criança Tó Manel cresceu com este trauma e “...quando vi na montra da loja este aparelho congelei de excitação. Entrei pela loja dentro aos berros para comprar aquele aparelho auditivo. Quando me explicaram o que aquilo era fiquei totalmente siderado. Tantas potencialidades...”. Casos como o de este jovem multiplicam-se. Observam-se pessoas de todas as idades e estratos sociais presas a um bluetooth pela orelha, nos mais variados locais. As autoridades de saúde nacionais temem já uma pandemia bluetooth, a qual se poderá associar a uma mutação genética. Quiçá a próxima geração não nascerá já com um auricular parecido incorporado no próprio organismo. Isto poderia trazer graves problemas por exemplo nas comunicações oficiais via rádio ou telemóvel, no check-in do aeroporto (desligar um telemóvel é fácil, mas como é que se desliga uma pessoa já com esse dispositivo equipado de série), na realização de radiografias, nos exames do otorrinolaringologista, etc. Vale a pena ponderar sobre este assunto. Quererá você ser pai ou mãe de uma criança Bluetooth. Convenhamos que ter um puto com dentes azuis é um bocado para o esquisito...
2 comentários:
Muito bem.
Fiquei cliente.
http://multimilionario.blogspot.com
Aqui é tudo gratuito. Mas aceitamos multibanco, visa e cheques. Pode também fazer o seu donativo em órgãos humanos ainda frescos, que eu encaminharei para uma ONG que opera (no sentido literal) na Europa de Leste.
Saudações de Yuri (também executo trabalhos em marquises, electricidade e canalizações)
PS- Agora mais a sério, também dei uma espreitada no teu blog e gostei bastante - um abraço
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