ALGUMAS CONGEMINAÇÕES SOBRE A CHUVA
Chove já há alguns dias, mas parece que já ninguém estava preparado para isso. Ainda o ano passado a população em uníssono clamavam pela precipitação, agora todos refilam. Eu não faço parte deste leque, porque, incrivelmente, até gosto de chuva (podem aproveitar esta afirmação para lançarem todos os impropérios que se lembrem num espaço de 30 segundos... já está? Então siga!). Como ia dizendo, ultimamente tem chovido generosamente o que pôs de lado, para já, o cenário de seca extrema que pairava sobre o país. Isto, como é lógico também é bom para o humor. Acabaram-se as piadas secas! Mas serve o presente post para tecer algumas considerações sobre o que se diz quando chove. Desde já o clássico: “Hiiii!!! O que chove!!!”. Sempre que me dizem isso corro para a janela para verificar o que realmente poderá estar a chover. É sempre uma grande decepção quando verifico que é só água. Ao utilizarem uma expressão assim, as pessoas deixam no ar a dúvida. Eu espero ver, nesse momento, cair do céu cerveja, vinho tinto, mesmo cães e gatos como dizem os ingleses, mas nunca água. Outra dissertação utilizada é a famosa: “Então...? Apanhas-te chuva?!”. Duas hipóteses de devaneio ressaltam desta afirmação. Em primeiro lugar uma resposta do tipo: “Não fui é tomar banho e esqueci-me de tirar a roupa!”. Em segundo lugar, um gajo não apanha chuva. A chuva é que nos apanha a nós. Um indivíduo para apanhar chuva usa garrafas, alguidares, baldes ou até mesmo copos, nunca o seu próprio corpo coberto de roupa (embora depois de bem torcida talvez se possam aproveitar uns bons litros). Outra curiosa expressão é a “Chuvinha molha parvos”. O que é que se esconde por detrás desta designação? No meu ver isto é uma discriminação nítida relativamente à chuva. É uma afirmação elitista que classifica e rotula a chuva consoante a sua intensidade. Mais! É baseado num princípio que não é verdadeiro, já que este tipo de chuva molha não só parvos, como também estúpidos, imbecis, malucos, empresários que não pagam impostos e, espantem-se, até malta normal!!! Há que devolver a dignidade à chuva! A chuva é democrática. Outra afirmação é a: “Olha lá como chove!”. E um gajo fica à espera do restante desenvolvimento. Pasmo quando verifico que toda a teoria se resume àquela constatação. Não há desenvolvimentos à maneira como efectivamente chove: “Chove assim ou chove assado!”. Nada mais dizem. Existe outra afirmação, mas que me parece algo sinistra, o cliché: “Já reparas-te como chove?”. O que é que apetece responder?! “Olha não fosse o facto de ‘tar todo molhado e nem tinha reparado nisso. É que nem apanhei trânsito nem nada...!” Por último, e para não tornar a enumeração demasiado exaustiva, a expressão: “Chuva tocada a Vento”. Julgo que já é tempo de parar com esta pouca vergonha. Desde que me recordo, que a chuva tem sido ostensivamente abusada pelo vento ficando este impune. Se eu fosse à chuva, processava o vento por assédio sexual...
2 comentários:
Pois é de repente chove em Março... Sempre ouvi dizer que em "Abril aguas
mil..." e agora chove em Março, pediram autorização a quem???onde vai parar
isto...?? Vamos lá a ter mais calma...a chuva sempre foi um bom desbloqueador de
conversa, há que aproveitar o facto!
Caro leitor:
Num raro momento de cultura neste blog, que também é seu, aqui vai outra dica sobre provérbios, área aliás pela qual sou doutorado na Universidade de Pequim: "Março, Marçagão... De manhã Inverno à tarde Verão!"
E assim acontece...
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