AS SCUT’S
Toda a problemática que recentemente envolve as estradas denominadas como Scut’s é sem dúvida extraordinária... Ene Capítulos não poderia passar sem enfiar a sua colherada nesta “gelatina gigante” (que bela figura de estilo). Com efeito, inúmeras auto-estradas apelidadas de Scut’s (Sem Custos para Utilizador) irão passar a ser Ccut’s (Com Custos para Utilizador) a partir do próximo ano. Entre elas estão as A17 e A29, lá para o Norte do país. O Executivo irá implantar portagens nestes itinerários, defendendo que a EN109 apresenta-se como alternativa a estas vias, pois faz, grosso modo, o mesmo percurso. Foi imediatamente criada uma Comissão de Utentes (esta coisa das Comissões está mesmo na moda) destas vias, que afirma que as portagens irão significar um peso no orçamento dos utentes na ordem dos 100 a 120 € e que a estrada nacional não é alternativa. Até fizeram um buzinão, que parece ter incomodado bastante o Governo, pois isto de Estarreja a Lisboa é um saltinho e o Primeiro-Ministro ficou cheio de enxaquecas. Que o início de cobrança de portagens significa um aumento das despesas dos utilizadores, parece lógico a Ene Capítulos e nem vamos discutir. Quanto à situação de que a EN109 não é alternativa vão-me permitir discordar. Neste último caso, as razões apresentadas pela Comissão de Utentes são deveras imaginativas. Senão vejamos... A Comissão defende que a Estrada Nacional não é alternativa porque: a) tem muitas rotundas; b) tem muitas passadeiras de peões; c) tem muito semáforos; d) às vezes até tem tractores; e) o limite de velocidade é de 50 km/h. Ene Capítulos concorda com tudo isto! Realmente, só em Portugal é que nos lembraríamos de colocar rotundas, semáforos e passagens de peões no meio das vias. Com franqueza! O que é que se passará nas cabecinhas destes engenheiros?! Então o facto de veículos motorizados, embora de carácter agrícola, andarem nas estradas, nem falar... E o limite de velocidade de 50 km/h dentro das localidades?! Ridículo... Altere-se já o código, oh fax favor! Infelizmente, nenhuma destas razões é plausível para contestar eficazmente a instauração de portagens nestas “auto-estradas”. Se o limite de velocidade é baixo e os condutores demoram mais tempo... levantem-se mais cedo! Se a Estrada Nacional 109 tem muitas rotundas, basta contorná-las (em alternativa, votem noutro Presidente de Câmara nas próximas autárquicas e escolham aquele que não esteja aliado ao lobby construtor). Se há muitas passadeiras, parem quando estiverem peões a passar. No que diz respeito aos semáforos, não há muito a fazer. Bem-vindos ao progresso. No entanto, aconselho vivamente a parar com o vermelho, prudência com o amarelo e avançar com o verde, comigo resulta sempre... Os tractores e veículos agrícolas são realmente um obstáculo. Andam devagar e têm geralmente grandes dimensões. A minha máxima: se não podes vencê-los, junta-te a eles! Todos os utentes deveriam comprar tractores e aderir ao movimento Slow, para poder assim aproveitar melhor a vida e observar as suas maravilhas. Em última análise, poderão sempre mudar-se para a Grande Lisboa. É que na capital estamos de tal forma rodeados de portagens, que não existe hipótese de escapar. Por exemplo, para passar com o carro da Margem Sul do Tejo para Lisboa, sem pagar portagem, tem de se ir até à Ponte Marechal Carmona, em Vila Franca de Xira... Agora digam-me lá, quem é que não tem alternativa?
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