Ene Capítulos

Blog sem censura. Aqui há escrita, críticas, opiniões e tudo o resto. Fala-se de tudo sem tabus. Do facto mais erudito, ao evento mais banal. Podem comentar o que quiserem e da forma e linguagem que entenderem.

segunda-feira, outubro 31, 2005

Dia de resfriado

Hoje, 31 de Outubro de 2005, é dia de resfriado. É verdade hoje é véspera de dia 1 de Novembro – feriado nacional. Assim, é aquele dia que passa a rasar o feriado, mesmo rente, ou seja, rés-feriado.

Jesus Cristo era Português

Na sequência da notícia que Tom Cruise, conhecido actor norte americano, pode ser descendente de D Afonso Henriques, ou mesmo de Sacadura Cabral e Gago Coutinho, que terão tido um desvio na sua travessia aérea do Atlântico indo parar aos Estados Unidos, onde após uma noite de sexo tântrico, em menage a trois descarado, emprenharam nessa escala uma autóctone, que é, nem mais nem menos, que tetravó do actor (versão não oficial, obviamente censurada pelo regime português), surge agora a hipótese de que Jesus Cristo poderia ser português.
Esta afirmação reflecte a mais recente descoberta arqueológica, desterrada das camadas do Jurássico Superior (mesmo ao lado de uma moradia geminada com piscina, com um Tiranossaurus Rex lá dentro), no Maciço Calcário Estremenho – umas chuteiras de futebol. Com pitons em forma de cruz, bordadas com a cruz de Cristo à frente e uma suástica atrás, as botas de futebol encontradas denotam evidentes sinais que só podem significar que eram do filho de Deus. Para comprovar a veracidade do achado foram efectuados evoluídos testes de ADN e Carbono 14. Estes ditaram que as chuteiras foram efectivamente usadas por JC, à cerca de 2000 anos atrás, que sofria de pé de atleta e fungos debaixo das unhas, como consolidam os cogumelos no seu interior.
Os mais cépticos afirmam que o futebol não é tão antigo, mas os mais recentes estudos que tentam calcular a idade aproximada de alguns dinossauros do futebol, como Pinto da Costa, Eusébio, Péle ou Valentim Loureiro, deitam por terra esta afirmação, dado que o valor mais baixo dos quatro – Péle – aproxima-se do impressionante resultado de 12 12.
Mas esta maravilhosa descoberta desvenda ainda surpresas maiores. Especialistas afirmam, que a suástica na parte traseira do objecto foi bordada alguns anos após a manufactura das chuteiras. A tese mais provável para a explicação deste facto relata um episódio sobejamente conhecido. Por volta do ano 20 d.C., a Lusitânia disputou o
playoff de apuramento para a copa Júlio César – nome por que era conhecido o campeonato do Império Romano – contra Israel. A 1ª mão deste playoff realizou-se em Tel Aviv, onde após o ponta de lança Luso Jesus Cristo ter assinado um golo de fino recorte técnico, foi implacavelmente apedrejado pelos judeus que assistiam ao encontro. Teóricos defendem que isso explica as mossas visíveis nas chuteiras do nosso número 9. O jogador sai lesionado e a equipa nacional acaba por perder 3-1. A derrota só não foi mais expressiva devido à grande exibição do guardião nacional Viriato. A saída do estádio deu-se sobre intensas medidas de segurança, pois a canalha judaica queria crucificar Jesus Cristo. Este contou com a preciosa ajuda de Arafat, habitante da terra palestina e simpatizante da causa cristã só para arreliar o governo de Israel, que, escondendo Jesus Cristo, fê-lo chegar clandestinamente a terras lusas através da faixa de Gaza. Quinze dias após o trágico incidente, esta revelação bíblica teve novo capítulo. A 2ª mão seria jogada na Lusitânia e a equipa nacional contava com Jesus Cristo no onze inicial, após uma recuperação verdadeiramente miraculosa. Nesse lendário encontro Cristo aponta três golos, e as redes nacionais mantiverem-se invictas, graças a mais uma enorme exibição de Viriato. Segundo os cronistas da época, aquando da marcação do seu 3º golo o número nove foi festejá-lo junto da claque forasteira, elevando o seu calcanhar para exibir a nova obra de arte, bordada por sua mão Virgem Maria na noite transacta. Escusado será dizer que foi veemente apupado, com gritos de anti-semita.
Assim reza a bíblia sobre este mítico confronto. O apuramento foi conseguido e segundo alguns infelizmente. Parece que durante o campeonato do Império Romano, Jesus, com a mania de transformar a água em vinho, emborrachou toda a equipa lusa, incluindo o treinador, do qual não se conhece o nome e que obrigava a população a usar cachecóis com as cores nacionais, em plena época de Verão. Desiludido com a incompreensão do povo luso, Jesus Cristo transfere-se para um clube da Galileia. Anos mais tarde seria traído pelo seu companheiro de equipa, o ala esquerdo Judas, e acabaria crucificado.
E desta forma se encontra mais uma peça do puzzle histórico nacional, que ajudará, quiçá, a um melhor entendimento de como Portugal chegou a esta desgraça...

sexta-feira, outubro 28, 2005

Jovens Licenciados – A Fuga dos Cérebros


Eu gosto de estatísticas. Não sei porquê, mas gosto. Deve ser pela extrema flexibilidade e potencialidade, nas diferentes interpretações destas. Não sei se já repararam, mas principalmente nas sondagens políticas há sempre imensos partidos a ganhar. Um gajo olha para as estatísticas e pode orientá-las para o objectivo perseguido. No entanto, não há grande volta a dar quando a constatação é a seguinte: Cerca de 20 % dos jovens licenciados em Portugal decidem sair do país (verídico – dados do Banco Mundial). Embora esta declaração seja inequívoca, não deixa de criar espaço para se corporizarem várias ilações e hipóteses.

Em primeiro lugar, a maioria destes licenciados que fogem do país tem, sem a mais pálida dúvida, muito bom gosto. Partindo do princípio que são os melhores, e mais bem preparados, os primeiros a abandonar este cantinho à beira mar plantado, isso explica a excelência da classe política que nos governa. Além disso, é notório que essa mesma classe é constantemente rejuvenescida pelos... mesmos jovens de sempre, com idade não inferior aos 50 anos.

Não deixa de ser antagónico que o Estado português, sendo dos que mais dinheiro gasta, relativamente à riqueza com a formação educacional na Europa, permita que os piratas universitários abandonem o navio após a conclusão do curso. De resto, tem toda a lógica que se gaste milhões com a educação e que depois não se usufrua dos conhecimentos e capacidades dos formados.

Esta problemática destapa também o busílis da pirâmide etária invertida no nosso país. Com efeito, e dada a debanda dos jovens adultos em idade de procriar, nascem cada vez menos crianças em Portugal. Isto acarreta ainda um problema muito maior, os descendentes de emigrantes. É que depois no Verão, temos que levar com todos aqueles putos nascidos em França, que se vestem de uma maneira ridícula e falam com um sotaque insuportável !!!

Também existem aspectos positivos no meio desta conjuntura. A globalização do nosso país, e a consequente projecção da marca Portugal, é um deles. Mas, segundo Ene Capítulos apurou, a larga maioria destes novos emigrantes esconde a sua origem gegráfica, pois correm o grave risco de começarem a ser explorados pela entidade patronal, ou, pior ainda, serem negociados no mercado internacional de escravos.

Segundo consta, e à luz destas últimas notícias, o executivo de José Sócrates prepara já um Projecto-Lei, em que avança para a criação de um imposto alfandegário sobre a exportação de jovens licenciados. É bem visto! Já que não conseguimos mantê-los em Portugal, ao menos lucramos algo com a sua saída.

quinta-feira, outubro 27, 2005

Vento ou Bento...

Hoje, ao que parece, será um dia de grande ventania no território continental. Essa coisa do vento andar para aí a soprar que nem um louco, tem os seus dias contados. Efectivamente, e à luz do novo código, quando este apanhar um guarda da GNR estará, sem qualquer sombra de dúvida, lixado.
Ora o vento anda maluco pelas paisagens do nosso Portugal, quando de repente...
GNR – Ó meu amigo. (continência) Encosta aí se faz favor!

Vento – Boa tarde Sr Guarda. Algum problema?
GNR – Olhó espertinho... Algum problema diz ele. Os seus documentos!
Vento – Aqui tem Sr Guarda. Mas passa-se alguma coisa.
GNR – Passa-se alguma coisa!? Ainda pergunta!?
Vento – Sim...?
GNR – Atão o Sô Vento não reparou que anda p’raí com rajadas que podem alcançar 100 km/h nas terras altas!?

Vento – Sim. Mas eu sou o vento...
GNR – Por mim até podia ser o Papa. O código é p’ra cumprir.
Vento – Não, não. O Papa é o Bento. Eu sou o Vento.
GNR – Já disse ao meu amigo qu’isso não m’interessa. Isso d’andar em plena Serra da Estrela a assoprar a 100 km/h é muito perigoso e constitui uma grave transgressão ao código da estrada.

Vento – Mas eu sou o Vento. Tenho de soprar. É a minha razão de existir!
GNR – A mim não m’interessa nada essas metafísicas. o Código é o código. E é p'ra cumprir. Faz favor assoprar aqui p’ró balãozinho. Mas olhe nada de rajadas ou brincadeirinhas. Senão...

Vento – Senão o quê... Não me diga que me vai dar com o cacetete. Eu não sou um corpo material...
GNR – Ai é! E se eu alterar a pressão do anticiclone que afecta o estado do tempo em Portugal continental?

Vento – É pá, pronto! Não faça isso Sr Guarda.
GNR – Tá bem! Atão nada de maroscas.
Vento – (soprando para o balão)
GNR – É pá! Você tá p’raí com uma concentração de monóxido de carbono, que só visto.
Vento – A culpa não é minha Sr Guarda. O ar é que está muito poluído.
GNR – Pois, pois... Olhe desta vez escapa com um aviso. Mas veja lá se vai alterar a pressão mencionada nos seus documentos na Conservatória de Registos Climáticos, quisso dá direito a coima.
Vento – Ok Sr Guarda.
GNR – E acenda os médios qu’o tempo tá escuro!
Vento – Sim Sr Guarda.
GNR – E veja lá se diminuí a intensidade das rajadas, que não há chapéu de chuva qu’aguente.
Vento – Combinado Sr Guarda!
GNR – É que, aqui entre nós, já se sabe que os chapéus de hoje, comprados nas lojas do chinês, não são muito resistentes.
Vento – Assim farei. Boa tarde Sr Guarda!
GNR – Boa tarde e juizinho... Ah estes fenómenos climatéricos...

terça-feira, outubro 25, 2005

Parasitismo desportivo

As relações de parasitismo no futebol são há muito conhecidas. O episódio mais recente passa-se entre o Setúbal e o Benfica. Ao que parece o clube da águia predispôs-se a ajudar financeiramente os sadinos, em troca de certas contrapartidas. Ao que foi apurado fala-se do direito de opção dos encarnados sobre um rol de jogadores, que inclui um guarda-redes a viajar para a 2ª circular já na reabertura do mercado. Parece lógico que escolham os melhores para essa lista. Assim, em caso do Setúbal sair da bancarrota e do Benfica accionar o direito de opção para todos os jogadores (tipo Alverca), o clube no mínimo descerá de divisão porque fica sem plantel. Ao descer de divisão implica um corte nas receitas, aí o clube entrará novamente na recessão económica. É um ciclo vicioso. Entretanto, o Benfica deverá mudar o seu símbolo para o Abutre, essa nobre ave necrófaga, devido aos seus hábitos de se alimentar dos mortos e moribundos. Mas, nem tudo é pacífico no seio da família benfiquista. Segundo o treinador Ronald Koeman, e citamos, “para coxos basta-me os que tenho aqui, que por agora até parece que sabem jogar à bola!” e continua dizendo “arranjem é uma perna de pau para o Quim e outra para o Moreira e estamos conversados”. Luís Filipe Vieira por seu turno defende a compra imediata do clube do Sado para a instalação de um centro de recauchutagem de pneus. Enquanto isso, José Veiga debate-se com uma crise existencial, pois o Porto nos últimos tempos tem comprado jogadores por lá e não se tem dado mal, mas, verdade seja dita, isto de estar sempre a copiar a SAD portista começa a dar nas vistas.
Do lado do Vitória de Setúbal reina a confusão total. O presidente do clube, ainda não consegue perceber porque é que o Benfica lançou esta autêntica OPA sobre o seu clube. Norton de Matos sempre adianta que “só não me despeço outra vez, porque aí é que não vejo mesmo o carcanhol que me devem”. Os jogadores setubalenses, por seu lado, formaram um cartel e lançaram um comunicado onde se pode ler “preferimos manter os nossos postos de trabalho no Setúbal, mesmo sem receber, do que irmos para o Benfica. O tempo da PIDE já acabou e não temos que conviver com um presidente que nos pode lesionar a qualquer instante com um golpe de orelhas”.

segunda-feira, outubro 24, 2005

Escrevinhar

Engraçado constatar que todos os escritores têm sempre a sensação que a sua escrita não vale nada. É um facto, por demais evidente. Um indivíduo até pode ter 20 ou 30 anos de carreira, com inúmeros livros editados, mas continua a pensar humildemente da mesma forma. Isso é notório no caso português. Autores como António Lobo Antunes ou Alçada Batista são casos paradigmáticos. Apesar dos créditos mais que firmados e do imenso rol de publicações, continuam com a modéstia habitual da classe literária. Não duvido que tenham pleno conhecimento das suas capacidades. No entanto, a forma como se expressam é, e será, sempre a mesma, deixando a nítida sensação de que o melhor dos seus romances ou ficções ainda está para vir e que o processo da escrita é uma constante evolução e revolução. Isto também é válido para as pessoas que, por e simplesmente, gostam de escrever, como é o meu caso. Por mais que o meu círculo de amigos diga que acha que escrevo bem, tenho jeito para a coisa, etc, eu nunca estou contente com o que escrevi.
Mas, corroborando a máxima “a excepção faz a regra”, temos uma ovelha ranhosa no panorama nacional. Falo, como já devem ter adivinhado, de José Saramago. Senhor de uma arrogância e petulância extrema, Saramago poderá ter em seu abono o facto de residir na parte errada da Península Ibérica, território conhecido pelo seu povo que tem a mania que é o maior. A sua acutilância aumentou depois de ter sido galardoado com o prémio Nobél. Reparem que eu disse Nobél acentuando propositadamente o “E” (como diz esse grande pseudo-vulto da cultura portuguesa). Não interessa que o referido prémio seja baptizado pelo nome de um senhor sueco. Na realidade, Saramago tem um conhecimento intrínseco da língua sueca, como se fosse um segundo idioma. Este senhor sabe melhor do que ninguém (aliás melhor do que os próprios suecos), qual a dicção correcta em sueco das diferentes palavras.
Escusado será dizer que não morro de amores por este escritor. Com efeito, nunca consegui ler na totalidade uma das suas obras. Até agora o melhor que consegui foi ler três páginas do Ensaio Sobre a Cegueira, mas a fluência do discurso, decididamente, não me cativa. Nem tudo o que é original tem que ser, obrigatoriamente, bom. Por outro lado, não será imperativo gostar de tudo o que é bom, para quem ache que Saramago é realmente um mestre. Mas uma coisa é certa, o homem é de um extremo mau gosto. Não chegava o facto, como já foi referido, de viver em... ARGH!... Espanha, ainda casou com uma espanhola, ou vice-versa. Um gajo à primeira cai por engano, à segunda cai porque é burro!

Capítulo@2005

sexta-feira, outubro 21, 2005

Lâminas de barbear

Porra mais às lâminas de barbear! Estou farto das inovações constantes a um instrumento que serve, tão-somente, para desfazer os pêlos que nos aparecem na face. Lembro-me como se fosse ontem, de quando comecei a cortar a barba. Nessa altura, tudo era mais simples. A lâmina de barbear era composta por UM fio cortante, que depois de aplicado creme de barbear, serviria o seu propósito e retiraria o peleiro do rosto. Até aqui tudo pacífico. Passados alguns anos, a grande revolução começou com a saída para o mercado do primeiro destes utensílios que dispunha de DUAS lâminas. Ora o Homem, na sua vertente masculina, é um animal de hábitos e de mentalidade simplória relativamente a compras. Isto só veio criar confusão no meio machista, porque nos trouxe a pesada herança do direito à escolha. Antigamente as giletes tinham uma lâmina, um gajo comprava qualquer uma independente da marca e da cor. Agora já as há com duas, que devo fazer? Compro o modelo normal ou o avançado?
Como se toda esta situação, que lança a ambiguidade no seio do sexo forte, não chegasse vem de lá um David Beckam, ou quem quer que seja o gajo, a fazer publicidade a uma nova maquina de barbear com TRÊS lâminas. Já é demais. O caos abateu sobre nós. Ter que escolher entre duas já é difícil, agora entre três é quase impossível. Mas pensam que acabaram por aqui? Nem pensar. Tinham que reinventar o mesmo instrumento agora com QUATRO lâminas. Não há paciência. Mas o que é que o grande
lobby da indústria da amputação dos pêlos faciais está a tentar fazer? Semear a discórdia entre os homens como Judas. Ah malvados!
Mas mais complicado ainda será daqui a 20 ou 30 anos. Com o avançar da carruagem, por essa altura a lâmina de barbear convencional contará com milhões de faixas cortantes, uma por cada pêlo, e acompanhada de livro de instruções para saber qual a faixa lubrificada a utilizar para rapar o pelo 5986 da sua bochecha esquerda. Acho que vou deixar crescer a barba...

Capítulo@2005

quinta-feira, outubro 20, 2005

Queima de resíduos industriais perigosos vai para a frente

Recentemente têm vindo a lume notícias relativas ao processo de co-incineração, deixado na gaveta do antigo ministro do ambiente, que curiosamente agora é primeiro-ministro, José Sócrates. Mas, como em tantas outras fugas de informação, estas não são 100% verdade. Efectivamente, o que actualmente está em estudo é a Cú-incineração, processo que consiste na queima de resíduos industriais perigosos, através de peidos altamente voláteis e auto-inflamáveis. Esta nova técnica, apenas difundida entre a nata científica da Europa, é bastante mais ecológica que o modelo actual, já que o combustível usado neste processo é totalmente natural, logo mais amigo do ambiente. Como efeitos secundários, os especialistas apenas apontam o cheiro, roça por vezes o putrefacto, que se faz sentir junto às cimenteiras. O que não há dúvida nenhuma é que este processo será menos polémico que o actual, dado o traque ser um elemento bastante tradicional da nossa cultura e identidade nacional. Qual bom português não dá o seu peidinho quando está mais apertado, independentemente do local onde se encontra. Se as vozes dos ecologistas se levantarem mais uma vez, pode-se sempre içar a bandeira das raízes etnológicas, que se cravam profundamente nos nossos antepassados. Já Viriato dava o seu traque ou bufa, enquanto passeava o seu rebanho e espiava esses doidos dos Romanos. Consta até da lenda, que o primeiro gajo que os Romanos arranjaram para assassinar cobardemente o nosso pastor enquanto dormia, ao entrar pela tenda descobriu um cheiro tão nauseabundo, que não conseguiu cumprir sua missão. Viriato teria comido feijões pela ceia e os efeitos ainda se faziam sentir.

Esta ideia ganha bastantes adeptos também nos defensores de uma maior justiça social. Com efeito tal empresa necessitará um elevado número de cú de obra. Como é sabido, Portugal debate-se com um grave problema de desemprego, que afecta principalmente uma população idosa e com fraca qualificação. Mas paradoxalmente, estes são por excelência os que enfrentam maiores problemas de flatulência. Assim, juntando os dois factores, chega-se à conclusão que a taxa de desemprego irá cair a pique.
O líder da oposição Marques Mendes, já demonstrou a sua indignação relativamente à medida, que considera extremamente elitista, pois, e citamos, “...eu não tenho cú suficiente para essa merda.”

Capítulo@2005

quarta-feira, outubro 19, 2005

Soares vai fazer plástica espaço-temporal

Lá vamos nós ter de gramar novamente com uma candidatura do fóssil Mário Soares à Presidência da República. No entanto está confirmado que o slogan de Soares é Fixe, não será mantido (ao menos isso), sendo substituído por Soares é Bué, para parecer jovem. Na realidade, a campanha desta candidatura parece estar votada ao insucesso, já que em todas as sondagens, até contra um candidato que, oficialmente, ainda não existe, Soares perde. Ora é com este panorama como pano de fundo, que nos chega a informação de que o citado candidato irá executar uma operação plástica espaço-temporal. E pergunta o atento leitor: “Qué lá isso?” Boa pergunta. Semelhante à técnica normal das plásticas, esta operação, ao invés de retalhar a fronha de uma pessoa e depois ligá-la toda, qual múmia de Tutankhamon, pura e simplesmente envia a pessoa para trás no tempo, para o período pretendido, rejuvenescendo assim corpo e mente (tipo Red Bull), sem o uso do bisturi. No entanto, desta vez a grande inovação prende-se com o facto de não ser apenas o candidato a regredir no tempo (segundo se apurou os meados dos anos 80 é a altura almejada), mas sim toda a nação portuguesa deverá experimentar esta conjuntura. Como se não fosse suficiente os 50 anos de ditadura e os 10 anos pós 25 de Abril a brincar às democracias para atrasar a nossa sociedade. Com efeito, a regressão de 20 anos, além de eliminar grande parte das rugas de Soares, vai actuar como lifting natural das bochechas e clarificador do cérebro, evitando que no dia das eleições o candidato reitere e incentive o voto na sua pessoa (esta última situação ainda não está cientificamente provada). Além disso, há duas décadas atrás o povo português era bastante mais estúpido, comportando-se como um rebanho de carneiros, o que só favorece o voto em Soares, pois não conhecem mais ninguém.
Está assim desvendada toda a magnificência de um vulto, que julga ser pai (bisavô!) de todos nós e que o País lhe deve tudo por viver em Democracia (e de tanga) hoje em dia. Não podemos deixar de dizer que a estratégia desta campanha eleitoral é muito bem delineada e só assim poderá haver hipóteses de vitória. Em caso de derrota, cenário tido como bastante remoto pela plataforma Um Presidente Para O Passado, Mário Soares já prometeu autoclonar-se para voltar a tentar daqui a 5, 10, 15 ou 20 anos, consoante a sua condição mental e de todos que o rodeiam, para se lembrarem que haverá eleições presidenciais. Não se esqueçam que Soares é Bué (velho!).

Capítulo@2005

terça-feira, outubro 18, 2005

Orçamento de Estado de 2006

À Luz dos últimos acontecimentos políticos, mormente a apresentação do Orçamento de Estado para o ano vindouro, Ene Capítulos julgou essencial dar voz a algumas minorias, as quais, geralmente, não são tidas nem achadas em semelhantes ocasiões.
Assim sendo, para o porta-voz da AFUMO – Associação de Fumadores Unidos, Marginalizados e Ostracisados –, Professor Jacinto Fumo Boa-Morte, o aumento previsto no imposto sobre o tabaco é um acto de “vandalismo político”, sobre todas as pessoas que, ainda segundo o mesmo porta-voz, “...pagam já mais impostos do que a maioria dos portugueses, sendo ainda um menor encargo para o Estado [cof!cof!] já que morrem bastante cedo.”, ou seja, nem é preciso nestes casos “...o Governo andar preocupado com idade da reforma e o cacete, dado que [cof!cof!] o pessoal fumante nem aos 60 está vivo, quanto mais aos 65!”. A mesma fonte adianta ser precisa coragem política para encetar “…a nacionalização da Tabaqueira...” visto que “…se a segunda cultura mais apoiada [cof!cof] através de subsídios da UE é o tabaco, não há razão para serem apenas os privados a lucrar com isso.”
A mesma linha radical é seguida pela ASPIGGINTE – Associação de Suicidas Pela Inalação em Garagens de Gases Impróprios e Nocivos de Tubos de Escape – que, embora contactada atempadamente, não foi possível ouvir, visto o Presidente e seu único membro (os outros morreram), Dr Martim Thalos Rico Onassis de Campos e Campos Todo Bom, se ter suicidado na passada noite na garagem de sua moradia, num condomínio fechado em Cascais. No entanto, e não obstante a trágica situação de vida deste milionário, que se debatia com uma grave crise de meia-idade do síndrome genericamente apelidado de devo-fazer-primeiro-um-pilling-ou-sigo-directo-para-a-lipoaspiração, este teve a lucidez necessária de deixar em carta selada ao nosso cuidado a sua opinião sobre o OE de 2006. Assim, passamos de seguida a transcrever um excerto da referida missiva:
“O teor deste Orçamento de Estado visa novamente [snif!snif! sou tão infeliz] a perseguição dos portugueses que têm nível de vida suficiente para andar de carro todos os dias, com o aumento vergonhoso dos combustíveis, e de todas as famílias [snif!snif! começaram a aparecer-me... ARGH! Rugas] que por ano têm um mísero rendimento acima dos 60 mil €, com a nova taxa de 42 % do IRS.” Entre outras considerações o malogrado Presidente adiantou ainda que “...quero saber é quem é que me vai indemnizar [snif!snif! agora que tou quase nos 50 anos, é que me apareceu barriga] dos 20 € ou 30 € por mês que não poderei, doravante, depositar na minha conta bancária off-shore nas Cayman [snif!snif! e agora como é que vou manter a vida de playboy ridículo de meia idade, qual Santana Lopes, e comer as filhas das Tias de Cascais no meu iate na Marina??? snif!], sim porque as contas na Suiça são para os indivíduos pobres, tipo taxistas e assim. Embora possa não parecer, isto de manter cinco carros, duas motas e um iate, custa o seu dinheiro.” Considera também que “...embora a maioria da opinião pública não esteja devidamente informada, o suicídio por inalação [snif!snif! peles na garganta!] de gases de tubo de escape, é mais corrente do que se possa julgar.”, acrescentando “...com o aumento do imposto sobre os combustíveis fósseis, todos os potenciais suicidas através desta técnica...” só vista nos filmes americanos “…que anteriormente gastavam apenas 25 € para encher o depósito, passam agora a pagar um mínimo de 35 € num carro económico tipo Smart ou assim, um aumento brutal que esta Associação lutará, até ao fim dos seus dias, para que seja comparticipado pelas Entidades Públicas competentes.” E culmina com a seguinte constatação “...trata-se de um assalto dos políticos [snif!snif! lipoaspiração ou pilling? Qual fazer primeiro. Será que podem ser feitos em simultâneo?] ao bolso da sua própria classe!”, a qual não deixa de ser antagónica.
Resta-nos agradecer ao porta-voz da AFUMO e, a título póstumo, ao Presidente da ASPIGGINTE, pela colaboração neste artigo. Bem ajam.


PS – A todas as Associações que possam representar minorias lança-se o repto de contactarem o Blog Ene Capítulos, para assim conseguirem ser ouvidas.


Capitulo@2005

segunda-feira, outubro 17, 2005

Gripe das quê...???

Essa cena da gripe das aves, já me irrita! Ah e tal... 11 mil mortos previstos e o caraças. È pá deixem-se de merdas. Afinal, ainda não se viu nada... E o que é que isso quer dizer ao fim de contas. Ninguém sabe, mas toda a gente opina. [Atchim... Cócórócó!] Não se ouve falar noutra coisa. A gripe das aves para aqui, a constipação das galinhas para ali... No entanto, pelo que cientificamente se sabe, o contágio de seres humanos apenas se dá, aquando do contacto directo com as aves portadoras da maleita. Ora não andamos todos propriamente com pombos ao ombro ao longo do dia, nem tão pouco dormimos em capoeiras, pelo menos na maior parte dos casos. A rota das aves migratórias, que vêm lá da Sibéria ou do camandro, não passa pela sala de estar de ninguém, pois não? Então acho que, por enquanto, não há razões para alarme. [Atchim... Cócórócó!] Isto tudo acirra-me ainda mais, na medida em que as pessoas que fazem grande parte do alarido, nunca utilizaram um preservativo numa relação sexual de risco, e para estas doenças sexualmente transmissíveis não passam duma qualquer propaganda anti-cristã. “Sida o qué isso? Não esse bicho aqui não entra. O que tenho mesmo medo é da gripe das aves. Isso é qué ruim.” Lógico, não?

Mas para acalmar as hostes, e pensando sempre no bem-estar dos meus concidadãos, enumeram-se a seguir alguns conselhos úteis para evitar contrair [Atchim... Cócórócó!] o vírus da gripe das aves:

1. tentar evitar dar linguados às galinhas, principalmente porque o bico tem tamanho reduzido e torna-se difícil a execução desta técnica;

2. principalmente para o sexo feminino, não ir para a cama com o primeiro pato bravo que lhe apareça, mesmo que este detenha um grande Jeep e o modelo mais recente de óculos escuros Christian Dior;

3. evitar a todo o custo o contacto com aves raras, mesmo sendo da subespécie do paraíso, sendo bastante difícil de efectuar, este passo é fulcral para se manter imune ao vírus;

4. se lhe aparecer um e-mail com o assunto pássaros ou aves, não abrir e apagá-lo imediatamente, este pode conter vírus;

5. evitar frequentar o estádio do Benfica, principalmente durante os voos da águia, pois nunca se sabe por onde essa gaja pode ter andado;

6. se alguma avestruz se estiver a fazer a si descaradamente e oferecer-lhe uma one night stand, desconfie, não pela gripe em si, mas porque pode ser uma dessas ucranianas, que depois o apanha a dormir e saca-lhe os rins para vender no mercado negro a algum saudita abastado.

7. não usar qualquer artigo da marca Pelikan;

8. num restaurante chinês, nunca comer sopa de ninho de andorinhas;

9. não contar ao seu filho que os bebés vêm de paris numa cegonha;

10. e por último, não nadar todo nu com os patos nos lagos de jardins públicos, isto porque agora aproxima-se um frio de bater o dente e pode-se constipar.

Se o caro leitor seguir estes dez passos, estou certo que, à semelhança do que acontece comigo [Atchim... Cócórócó!], não há vírus que o apanhe. Até porque as penas que me estão a nascer nos sovacos e o desenvolvimento súbito dos meus membros superiores, permitem-me agora atingir uma velocidade de voo, que só no arranque dou 50 metros de avanço à gripe!

PS – Se os digníssimos leitores se lembrarem de qualquer conselho que possa ser útil para evitar esta hecatombe invisível, é favor de postarem os seus comentários.

Capítulo@2005

sexta-feira, outubro 14, 2005

A vida é um romance

Não posso acreditar! Como é que aquela cabra...? Não posso. Ainda a semana passada aceitou o meu pedido de casamento. Agora faz-me uma destas. Na nossa cama... E para mais, com o meu melhor amigo! Ah, mas isto não fica assim. Eu vou, eu vou... Vou... não vou nada! O que é que posso fazer.
Vejam bem que até teve a lata de perguntar: “O que é que tás aqui a fazer?”. Mas que raio de pergunta. Realmente o que estaria ali a fazer, no meu próprio lar? Maldita. Deu-me vontade de responder: “Oh nada, nada. Tava a passar aqui perto da MINHA CASA e apeteceu-me entrar para assistir a uma cena de sexo tórrido, entre a MINHA NOIVA e o MEU MELHOR AMIGO! Só isso. Mas não se incomodem! Podem continuar.” Mas, nada disse. Mantive-me quedo e em silêncio por instantes.
Foi só quando o meu amigalhaço disse vira-te, que ela me viu. Gélida, fixou-me o olhar. Tapou-se instintivamente com o lençol, como se eu fosse um mirone que nunca a tivesse visto nua, ao mesmo tempo que fazia a tal pergunta. Como se houvesse possibilidade de não ter visto sua nudez, numa relação que contava já com oito anos de namoro, dos quais três a viver em conjunto.
Virei costas e precipitei-me para a saída. Ela saltou da cama e veio atrás insistindo: “Mas o que fazes em casa a estas horas?”. Mantive-me calado. Era o que melhor sabia, e podia, fazer. “Volto ao fim da tarde” – disse à porta do apartamento – “espero que vocês já cá não estejam.” Saí sem dar tempo de reacção.
Depois foi o corrupio, o carrossel de imagens e pensamentos a trespassar a minha mente, de forma psicadélica e aleatória. Dos pensamentos mais esquizofrénicos, com sangue à mistura, aos inevitáveis ela vai voltar, aquilo foi um erro, um impulso.
Na realidade sentia-me aliviado, embora o punhal cravado nas costas doesse demais, tornando quase imperceptível o sentimento de leveza que me preenchia. Mais valia ter acontecido agora. Imaginem que era daqui a 10 anos, já com dois filhos e um cão, numa moradia suburbana. Assim é que a cicatriz não sarava. Ao menos o apartamento era meu. Tecto para me abrigar não haveria de faltar.
Para dizer a verdade há muito que as coisas não iam bem. No entanto, mantivemo-nos juntos, qual vício inebriante. A rotina e o conformismo transforma-nos em móveis. Isso mesmo, móveis. Como cadeiras ou estantes, daquela mesma casa onde habitamos. Criamos raízes profundas e inabaláveis. E somos tomados por uma espécie de amnésia instantânea. Nunca nos conseguimos lembrar como é que era a vida antes daquele relacionamento. O que fazíamos, onde parávamos, com quem andávamos. O romper de um compromisso duradouro é um segundo nascimento. Temos de reaprender a viver.
Não sentia ciúmes. Por incrível que possa parecer acho que jamais senti. Apenas a traição, vulgo cornos, me feria o orgulho. Sempre estranhei os encontros vespertinos para café entre os dois. Mas nunca quis acreditar. Amigos havia que me diziam: “Tem cuidado! Ela não é boa rês!”, mas nunca liguei. Costuma se dizer o cornudo é sempre o último a saber. Sempre fui um indivíduo que confiava totalmente nas pessoas. Podiam estar a enganar-me escandalosamente e eu nem notava. Ainda por cima o meu melhor amigo. Ela nem o conhecia bem. Só os apresentei há uns 3 ou 4 anos? A pergunta inevitável. Será que dura há muito tempo? E depois. Será ele melhor que eu na cama?
Mas isto é um lugar comum. Parece os filmes. É sempre com o melhor amigo, que um homem é traído. E até pode nem ser por alguma razão em especial. Só porque sim. Não era por falta de sexo de certeza, já que essa faceta era a única da nossa vida privada que se mantinha como antes, em frequência e em qualidade. Excepção feita para o caso dela ser ninfomaníaca e eu nunca ter descoberto. Aí a coisa muda de figura...

Tenho para mim a seguinte teoria, quanto à chamada traição:

  1. Acontece sempre com o teu melhor amigo, ou pessoa mais próxima (facto).
  2. Logo é a pessoa, exceptuando a tua mãe, que melhor te conhece (facto).
  3. É também a pessoa que mais sabe sobre a tua relação e sobre a tua parceira (facto).
  4. É quase sempre um gajo mais moderno que tu, ou que pelo menos assim o tenta demonstrar (facto).

Posto isto:

  1. Conhece bem os teus passos e por onde te movimentas.
  2. Sabe como és – sagaz conhecedor dos teus defeitos e virtudes.
  3. Tem conhecimento intrínseco das falhas na tua relação e dos desejos da tua parceira, dada a sua posição exterior e “imparcial”.
  4. Ele é, invariavelmente, um excelente actor. Tem a capacidade de se mostrar aos olhos dela como o gajo que tu não és, mas que ela nem se importava que fosses.

Para rematar, ressalvasse que a célebre frase – “As mulheres dos meus amigos são homens para mim.” – é a maior tanga de todos os tempos. Principalmente quando se fala do teu melhor amigo.
Portanto não há escapatória. O grande segredo é manteres-te solteiro e sempre bem próximo dos relacionamentos dos teus amigos. Quem sabe se a próxima oportunidade não será minha... Posso tentar ser eu o matador.
Quem é que estou a enganar… Nunca tive grande jeito para isso. As pessoas notam sempre quando estou a representar. Mesmo na escola, eu era aquele puto que não conseguia mentir. A professora perguntava: “Porquê que ontem não vieste à escola?”. Eu respondia: “Stôra, ontem tive doente. É verdade, muito doente. Pois doente... Hum... Fui p’ró salão de jogos...”. PIMBA! Falta a vermelho e informação para o encarregado de educação.
Sempre fui o tanso. Tomado pelo otário. Engrupido a torto e a direito. O indivíduo que quando emprestava dinheiro, estava na realidade a dar, pois nunca mais lhe via a cor. O gajo que quando emprestava um disco, nunca mais ouvia essa música...
Bem... Já é tarde. Se calhar é melhor desencostar-me do bar e voltar para casa. Já estou um pouco alterado. Correcção, estou perdido de bêbado. Vou passar uma boa noite de sono. Sozinho e descansado. Ao menos não vou ser pontapeado e esmurrado durante a noite. Já nem janto. Hoje morri. Amanhã renascerei... E com uma daquelas ressacas que não conhecia há 15 anos. Que raio de maneira de começar uma nova vida. Com a cabeça a explodir e a boca a saber a papéis de música.

Capítulo@2005

Número

Eu sou um número. Sou um número quando pago impostos, mas outro quando vou votar. Sou um número quando identificado pela polícia, mas outro quando a mesma me multa por passar um sinal vermelho. Sou um número quando desconto para a segurança social, mas outro quando vou ao Hospital.

Eu sou um número. Um número massificado, estandardizado e formatado. Número através do qual o sistema se infiltra na mina cútis e me controla.

Se eu pudesse escolher ser um número, não saberia qual preferia. Talvez o 6, um número bem gordo e redondo. Ou o 7, esguio e com muita personalidade. Nunca o número 1. Esse é petulante e têm a mania que é o maior, pois chega sempre em primeiro.

Qualquer dia, um gajo habitua-se e vendesse ao sistema. Depois poderemos assistir a apresentações tipo:

- Olá em sou o 7658. E tu?

- Eu sou a 3232 e esta é a minha filha 3232/01.

Mas eu gosto de ser um indivíduo. De me identificar perante os outros pelo meu nome próprio. Nem preciso apelidos e muito menos título, que isso é mais um estereótipo.

De qualquer forma haverá um momento, à custa de tanta repetição, que o ser humano esquecerá o seu nome e só se lembrará do número. Aí... O mundo vai ser uma merda...


Capítulo@2005


quinta-feira, outubro 13, 2005

Autarquicas Lisboa (Ok já vai 1 pouco tarde)

Há um cartaz de candidatura à CM Lisboa, que é uma autêntica pérola. Refiro-me ao de Carmona Rodrigues, onde este exibe a sua “fronha”, com a seguinte mensagem: “Dar a cara por Lisboa”. Falo disto sem qualquer partidarismo.

Ora isto é, sem a mais pálida sombra de dúvida, um atentado à sanidade moral dos Lisboetas. Terrorismo político, digo-vos eu.

Neste momento, posso adiantar a seguinte confirmação científica: qualquer pessoa que se fixe mais de 30 segundos naquela imagem, pode desenvolver graves tendências suicidas e sérios danos mentais, que podem ser irreversíveis, conduzindo a um de dois casos. Por um lado, a mera implosão, ficando um indivíduo reduzido ao tamanho de um porta-chaves com a cara do, claro, Carmona. Por outro, a combustão espontânea, resultante da intensificação da actividade cerebral necessária para compreender tal fenómeno, que gera grandes porções de electricidade e causa um curto-circuito interno.

Já nem falo do extremo mau gosto de fazer um zoom daquelas trombas, e espetá-lo num monstruoso painel para todos verem. A única vantagem desta situação é os Pais de miúdos pequenos poderem dizerem algo tipo: “Filho viste aquele cartaz hoje à tarde? Pois é... Se não comeres a sopa toda ficas com a cara como o Carmona Rodrigues!”

A máquina de marketing do PSD não podia pensar noutro slogan? Tipo – “Dar um braço por Lisboa!”, e aparecer um gajo amputado. Sempre era melhor... Menos Chocante... Não???


Capítulo@2005

quarta-feira, outubro 12, 2005

Franz Ferdinand

É verdade! Os Franz Ferdinand estão de volta, com seu novo trabalho You Could Have So Much Better... With Franz Ferdinand, após mais uma passagem pelo nosso país, com excelentes críticas por sinal, no passado mês de Agosto. Para quem ainda não teve a oportunidade de ouvir, está algo diferente do álbum de estreia. Quem achou, como eu, que em 2004 a música destes escoceses foi uma lufada de ar fresco no panorama pop-rock mundial, talvez não consiga analisar imparcialmente este novo cd.

Sem dúvida que no passado ano, aquela rodela com 11 faixas encerrava em si mesma 11 potenciais singles. A fórmula era bastante coerente entre músicas. Mas para este novo trabalho os Franz Ferdinand, não se limitaram a fazer uma pura cópia do anterior. Isto era sucesso garantido, mas também, julgo eu, transmitiria alguma descrença no potencial criativo da banda, e na sua capacidade de se reinventar, tão essencial hoje em dia.

Continuam lá as músicas com guitarras garridas, como que em riste contra a monotonia, caso da faixa de abertura - The Fallen. Mas temos também pop inspirada, de pendor mais down tempo, como por exemplo a excelente Eleanor, Put Your Boots Back On que, olhando para trás, talvez faltasse anteriormente.

Em resumo, a todos os fãs, não desistam de apreciar à primeira audição. Tal como tantas outras coisas na vida, à primeira não entrou bem, à segunda já foi mais fundo e à terceira penetrou totalmente... os meus sentidos.

Site Oficial: http://www.franzferdinand.co.uk/


Capítulo@2005

terça-feira, outubro 11, 2005

NA CHAMA O REFLEXO

Acendi o isqueiro. A sua chama hipnotizava-me e consumia o meu gás natural. Encontrava-me envolto numa onda piromaníaca da qual não me conseguia libertar. Queimava-me, mas não deixava de pressioná-lo. Estava maravilhado pelo azul e amarelo, desenhando no meu subconsciente mil e uma imagens com estas cores. Pensamentos subversivos gélidos paralisavam o meu físico e impulsionavam-me para loucuras, que tão longínquas, me pareciam, no entanto, tão próximas.
A neblina embaciou-me os olhos e a mente! Acordava sobre um extenso mar branco. Nada à minha volta existia. Sentia-me como Amstrong, nos seus primeiros passos no satélite Lua. Debaixo dos meus pés, ao caminhar, ouvia o estalar das consistentes gotas daquele imenso mar. O frio cortava-me a respiração, quando tentava manter-me vivo. Milhas passaram por minhas botas, já quase totalmente ensopadas pelo gelado caminho. Finalmente, algo se avistava, ainda que não o identificasse.
Andei mais um pouco. Uma imagem começou a formar-se no meu espírito. Uma grande torre erguia-se no horizonte. O céu começava a escurecer e surgiu uma luz vinda daquela imagem. A luz parecia rodar no seu topo; guiado por ela percorri mais alguns quilómetros. Finalmente cheguei. Parei e permaneci estagnado, a olhar para cima. De onde me encontrava, não conseguia ver o fim do farol, só a luz, intermitente, que iluminava o negro da noite. À porta apareceu um velho de cabelo branco, encurvado. Ficou parado a olhar para mim.
Aproximei-me dele. Existia algo de estranho naquela figura como se ele não pertencesse ali; estivesse deslocado do local e muito provavelmente, do tempo. Ele era a luz que iluminava a noite com a tonalidade azul e amarela de um Mundo ilusório. A grande torre existia como sombra da sua imagem. Um reflexo distorcido da realidade pela falsa aparência.
Entendi que não existia. Na verdade, ele era o meu reflexo no tempo futuro. Pedi-lhe o cigarro por que ansiava.


Capítulo@2005 (com colaboração de jovens amigos de beberrice)

Jimmy Chamberlin Complex

Se se estão a perguntar: "Quem é este cromo???" - Atenção que não sou eu. Antes fosse...

Este senhor é nem mais nem menos que o ex-baterista dos Smashing Pumpkins, Jimmy Chamberlin, que de repente decidiu começar a fazer música como deve ser.

Esta foto foi tirada no festival Lisboa Soundz, no passado mês de Agosto, onde também actuaram os Bunny Ranch, Mogwai e, claro está, os grandes Franz Ferdinand.

Mas este grupo foi para mim, a melhor supresa da noite. Primeiro porque pouco conhecia do seu trabalho e segundo porque nunca gostei de Smashing. Música original, num rock bem esgalhado salpicado por jazz. Foi do melhor, não duvidem. Para além do grande baterista que este Senhor é, faz-se acompanhar de um baixista, Billy Mohler (co-mentor do projecto) e um guitarrista (do qual não me lembro o nome), que não lhe ficam nada atrás.

Para descobrir o promissor álbum de estreia Life Begins Again.

Site: http://www.jimmychamberlincomplex.com/

Capítulo@2005

Autárquicas 2005 - Montijo

Porra! É preciso ter azar. A Maria Amélia Antunes ganhou novamente a Câmara do Montijo.

Julgo necessário clarificar a situação. Estou a falar de uma senhora que foi julgada e considerada judicialmente culpada por empregar dinheiros públicos em publicidade partidária.

Podem dizer: "E então??? Só isso!"
Meus caros, é uma questão de princípio. Certo que não fugiu para o Brasil e, que se saiba, não utilizou recursos camarários para executar obras na sua residência, mas quem faz a primeira, mais rapidamente pode voltar a cair na tentação. Espero, sinceramente, que tal não suceda, para bem de todos.

A malta do Montijo optou por mais do mesmo, possivelmente influenciada por alguns quilómetros de alcatrão assentado nos últimos meses (ou seja, alcatrão pré-eleitoral, como convém), ou alguns arranjos recentes nos jardins e praças do Município. Mas será só isso que esta cidade precisa.


Pensem bem e fiquem atentos.
Eu atento ficarei...

INÍCIO

Isto de fazer um blogue tem muito que se lhe diga.
Tava naquela de enviar um post, mas esta cena obrigou-me a tornar-me um blogger.
Agora não sei o que hei-de fazer. Mas com certeza que alguma coisa me ocorrerá.
Amanhã volto a escrever.
Afinal, a escrita, é também uma questão de treino.

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