Número
Eu sou um número. Sou um número quando pago impostos, mas outro quando vou votar. Sou um número quando identificado pela polícia, mas outro quando a mesma me multa por passar um sinal vermelho. Sou um número quando desconto para a segurança social, mas outro quando vou ao Hospital.
Eu sou um número. Um número massificado, estandardizado e formatado. Número através do qual o sistema se infiltra na mina cútis e me controla.
Se eu pudesse escolher ser um número, não saberia qual preferia. Talvez o 6, um número bem gordo e redondo. Ou o 7, esguio e com muita personalidade. Nunca o número 1. Esse é petulante e têm a mania que é o maior, pois chega sempre em primeiro.
Qualquer dia, um gajo habitua-se e vendesse ao sistema. Depois poderemos assistir a apresentações tipo:
- Olá em sou o 7658. E tu?
- Eu sou a 3232 e esta é a minha filha 3232/01.
Mas eu gosto de ser um indivíduo. De me identificar perante os outros pelo meu nome próprio. Nem preciso apelidos e muito menos título, que isso é mais um estereótipo.
De qualquer forma haverá um momento, à custa de tanta repetição, que o ser humano esquecerá o seu nome e só se lembrará do número. Aí... O mundo vai ser uma merda...
Capítulo@2005
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