PRÉ-CAMPANHA

Não deve falar sobre isso. Não deveria opinar sobre aquilo. Essa matéria é da exclusiva responsabilidade do Governo. Não se deve intrometer nesses assuntos. Algures no meio disto está a verdadeira essência de toda a pré-campanha eleitoral para a Presidência da República. No fundo reflecte o papel do próprio Presidente. Na realidade, esta coisa de ser o Comandante Supremo das Forças Armadas Portuguesas é apenas uma questão de prestígio. Vamos ser pragmáticos um Presidente da República, não faz NADA! Bem, efectivamente, sempre faz viagens com fartura.
Dada esta problemática pode-se chegar à simples conclusão, que apenas dois candidatos estão verdadeiramente aptos para tão importante cargo. Por um lado Cavaco Silva, que se mantém calado e quando fala é, normalmente, sobre assuntos que não são da competência do Presidente da República. Cavaco já conseguiu assimilar o facto, caso seja eleito, de que o Presidente não tem poderes, a não ser que queira dissolver a Assembleia da República uma vez por mês. Assim, este candidato segue a velha máxima do mais vale seres falado pela negativa, do que não seres falado de forma alguma. Também pode mandar as Forças Armadas lançar uma bomba atómica. Ah é verdade! Portugal é uma nação livre de tecnologia nuclear... Risquem a segunda hipótese. Por outro lado, destaca-se também Mário Soares, cognome o Tetravô. A grande vantagem deste candidato é o conhecimento intrínseco de todo o globo terrestre. Soares já fez, aproximadamente, 36 voltas ao Mundo, entre 10 anos na Presidência, cargo de Primeiro-Ministro e deputado ao Parlamento Europeu. A sua fluência na língua francesa, caso seja eleito, pode também constituir uma mais-valia, nas suas constantes idas ao estrangeiro. Com um bocado de sorte pode ser que lá fora não percebam um boi do que o gajo diz...