Ene Capítulos

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sexta-feira, outubro 20, 2006

REFERENDO ABORTO

Toda esta polémica que se desenrola à volta da interrupção voluntária da gravidez é ridícula. Em 40 países europeus só Portugal e a Irlanda continua a considerar o aborto crime. Agora um Governo, que tem maioria parlamentar, decide incentivar a consulta popular, através de referendo, com a seguinte pergunta: “Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas de gravidez, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?”. Porque razão o Executivo não apresenta, pura e simplesmente, um projecto-lei para o efeito. Quando, por acaso, decidiram aumentar o IVA ou criar novas taxas na saúde consultaram os portugueses? Não! Então porque não assumir a responsabilidade política duma decisão que até deveria ser pacífica. Além de equilibrar a lei portuguesa com a europeia neste aspecto, a legalização do aborto irá acabar com a vergonha que se passa no nosso país. A realidade é que o aborto continua a fazer-se... Trata-se de uma rede muito bem montada, que abrange várias classes e bolsas, constituindo-se assim numa autêntica economia paralela. Desde a Clínica da linha que realiza abortos às meninas chiques, ao quarto sujo da barraca de Camarate que põe em risco a saúde das mulheres que aqui recorrem, tudo é permitido. Quantos casos de aborto clandestino chegam aos tribunais? Um... dois por ano?! E quantos abortos se fazem por ano, alguém tem ideia? Eu não, mas não acredito que sejam apenas dois. Segundo a Clínica dos Arcos em Espanha, cerca de 4.000 recorrem aos seus serviços por ano. Claro que todo este processo ilegítimo é muito bem pago... Dinheiro esse que, como não é legal, está livre de impostos... Os mais conservadores podem contestar que não se justifica a legalização do aborto apenas para podermos taxar impostos sobre essas receitas. Eu concordo plenamente! Também penso assim... Eu acho que se deve legalizar o aborto, pela defesa da mulher e da sua saúde. A verdade é que o aborto faz-se em Portugal (ou em Badajoz para quem tem possibilidade) e vai continuar a fazer-se, quer haja legalização ou não! A derradeira justificação para legalizar o aborto é que não se está a obrigar ninguém a fazê-lo. Ninguém vai obrigar uma mulher a acabar com a gravidez, contra a sua própria vontade. Trata-se apenas de regular uma situação corriqueira e que, como disse, sempre existiu e continuará a existir. Por favor, não me venham com o argumento da defesa da vida, embora até seja plausível... O problema é que a facção da sociedade que está contra o aborto, auto-denominada como acérrimos defensores do direito à vida, é a mesma que, normalmente, defende a pena de morte para os criminosos... Qualquer dia, ainda querem proibir a masturbação masculina, porque se está a matar futuros embriões!PS – Estas linhas foram escritas ontem, antes da discussão e votação do projecto de consulta popular no parlamento. Por isso, qualquer semelhança com o sentido de voto do PCP e dos Verdes é pura coincidência. Ene Capítulos tem o seu próprio diapasão... Além de tudo, um referendo custa dinheiro ao Estado e não é assim tão pouco. Numa altura em que cada cêntimo conta para chegar às metas da Comunidade Europeia, não me parece a melhor solução. Para mim legislasse já!!!

2 comentários:

Muna disse...

"Porque razão o Executivo não apresenta, pura e simplesmente, um projecto-lei para o efeito"? Essa é que é essa - Falta de tomates digo eu. Estão a passarinhar por ali em vez de tomarem decisões! E é para isso que lhes pagamos, ora essa!!!!

Anónimo disse...

quem fala assim não é gago! mais claro que isso não pode ser, só não percebe quem nao quer mesmo..

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