Rubrica – As perguntas que nunca foram feitas
Doravante, Ene Capítulos irá abrir uma nova rubrica intitulada – As Perguntas Que Nunca Foram Feitas. Será um espaço toldado por conversas informais, com personagens de créditos firmados na nossa sociedade, à volta de um determinado assunto. As primeiras entrevistas vão-se cingir à questão – “Onde gostaria que não houvesse vida?”
Assim, passamos de seguida a transcrever a conversa com a Professora Estrelinha Cai-Cai, licenciada em Astrofísica e doutorada em Astronomia Aplicada, pelo Instituto Superior da 3ª Aura Celeste.
Ene Capítulos (EC) – Professora Cai-Cai, onde gostaria que não houvesse vida?
Professora Cai-Cai (PCC) – Olhe, sei lá, em Marte.
EC – Desculpe? Disse em Marte ou em Markl?
PCC – Disse mesmo em Marte. Mas essa coisa do “Há vida em Markl” também poderia acabar. Não é por nada... Só que aquele indicativo anterior, composto pelo Ginjas ou Jimba ou lá quem é, já irrita um bocado!
EC – Mas há mesmo vida em Marte!?
PCC – Pois evidentemente que sim.
EC – Desculpe é que não fazia a mínima ideia.
PCC – Pois, o povo é muito inculto. Em determinadas matérias! Se um clube de futebol em Portugal contratasse um marciano, com certeza que já sabia.
EC – Realmente. Mas diga-me, porquê acabar com a vida em Marte?
PCC – Olhe, aquilo já é muito aborrecido. Quando descobrimos pela primeira vez aqueles seres ficámos montes de contentes e não sei quê. Só que agora já não é novidade. É tipo uma colecção do último Outono/Inverno.
EC – Mas diga-me como são os marcianos.
PCC – Olhe são muito chatos.
EC – Ah! Portanto são bidimensionais.
PCC – Quais bidimensionais, não seja parvo. São chatos porque estão sempre a fazer a mesma coisa.
EC – Compreendo. E essa coisa o que é ao certo?
PCC – Basicamente tremer. Você nem imagina o frio que faz lá para Marte está a ver.
EC – E nada mais?
PCC – Pois realmente não. Também têm para lá uma liga de futebol do sistema solar, com equipas de Vénus e Plutão, mais não sei quê, só que aquilo acaba tudo à tareia.
EC – Então mas esses outros planetas também têm vida?
PCC – Não seja parvo, claro que têm. Todos os planetas do nosso sistema.
EC – Porquê que essa liga acaba sempre a pancada? Julgava que as civilizações alienígenas fossem mais desenvolvidas que a terrestre?
PCC – Quanto a essa questão os sociólogos planetários divergem. Uns dizem que se prende com o sistema. Outros dizem que se relaciona com as sondas enviadas ao planeta Marte – sede desse torneio. Os marcianos culparam os venusianos de terem aterrado esses corpo estranho no meio do campo de futebol. Por seu lado, os venusianos incriminaram os plutões, enquanto estes últimos descarregam as culpas sobre os marcianos. Uma outra facção, ligada aos comentadores de desporto interplanetário, opinam que esta situação se prende com um Major saturniano, que autorizou um patrocínio de um site de apostas da Via Láctea, e que há uns árbitros ao barulho que receberam uns fios de ovos. Resumindo... ao certo ninguém sabe.
EC – Isso é bastante complicado! Parece quase o que se passa em Portugal!
PCC – Já percebeu porque é que acabava com a vida em Marte. E olhe digo-lhe mais, já que estávamos com a mão na massa, extinguia-se também a vida nos outros planetas do nosso sistema.
EC – Isso não seria uma medida muito radical?
PCC – Não, repare. Na realidade eu abracei esta profissão para encontrar civilizações mais avançadas, com as quais poderíamos aprender qualquer coisa.
EC – E depois descobriu esses extraterrestres.
PCC – Autênticos bárbaros, digo-lhe eu. E isto não tem nada a ver com racismo nem nada do género, que a empregada lá de casa até é preta, tal como o jardineiro e o condutor. Temos de dar trabalho a essa gentinha, não acha? É que senão vão roubar, e sei lá o quê, e isso não é bonito.
EC – Hum... Não poderia concordar mais Professora. Muito obrigado por tudo
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