Ene Capítulos

Blog sem censura. Aqui há escrita, críticas, opiniões e tudo o resto. Fala-se de tudo sem tabus. Do facto mais erudito, ao evento mais banal. Podem comentar o que quiserem e da forma e linguagem que entenderem.

quarta-feira, novembro 30, 2005

Anunciada nova fusão de espaço aéreo

Ao que parece o novo aeroporto da Ota irá servir também o concelho do Porto. Dada a sua posição geográfica, praticamente equidistante entre a capital do Norte e Lisboa, o executivo propôs a utilização unitária desta infra-estrutura pelas duas áreas concelhias.
Mas as surpresas não acabam por aqui! O presidente da invicta (Rui Rio) mostrou-se entusiasmado pela ideia desta original fusão. Falando à imprensa, e quebrando assim o black out
que perdurava desde a tomada de posse do novo executivo, o chefe camarário reclamou para si o sucesso destas difíceis negociações. Rui Rio afirmou aos media que: “Foi uma grande vitória do Boavista... hum... hum... Perdão, da cidade do Porto! Conseguimos, além de um novo aeroporto como essa malta de Lisboa, conquistar o direito de baptizar este novo espaço!” Segundo Ene Capítulos conseguiu apurar o nome que reúne maior consenso para o novo aeroporto internacional do Porto é: OtaRio...

Aeroporto da Ota já está em marcha



segunda-feira, novembro 28, 2005

Os Flashbacks


Existe uma questão que sempre me intrigou – bem na realidade existem várias, mas agora interessa uma em particular – quando nas telenovelas, séries de má qualidade e filmes rascas em geral, a personagem se está a lembrar de uma acção passada ou a sonhar; a imagem dessa recordação ou alucinação aparece sempre nublada! Mas porquê? Porquê que acontece este embaciamento do óculo da câmara? Eu quando sonho ou me lembro de situações passadas não desce um nevoeiro repentino sobre o meu cérebro! De qualquer forma surgiram-me umas teorias, que gostaria de partilhar com todos:

1 – A primeira teoria, e a mais óbvia de todas, é que se tratam de vapores da sauna. Parece-me lógico, pois são nestes momentos de isolamento que as pessoas têm tendência a recordar. 2 – O cameraman sofre de miopia regressiva e não consegue focar planos passados. 3 – As lembranças são negras, associadas a nuvens baixas e ventos fortes.
4 – É amplamente difundida a inclinação para o excêntrico por parte dos actores e a sua predilecção pelos estupefacientes. Estas lembranças poderão estar impregnadas de LSD.
5 – Enquanto a acção não avança, a equipa de filmagem aproveita para apreciar um belo churrasco e o fumo pode interferir com o flashback
. Daí o cheiro a esturro sempre que o realizador recorre a esta figura de estilo cinematográfica.

Estas são algumas hipóteses que Ene Capítulos avança, na tentativa de iluminar o tortuoso caminho que leva à explicação desta autêntica cabala que afecta as telenovelas, séries de má qualidade e filmes rascas em geral. Quem conseguir formular melhores aclarações, o que acho pouco provável, para tão afamado fenómeno, por favor deposite o seu comentário.

PS – Se este post começar a descambar,-----5448xxxxx!?»»»««««[[[[{{]]{]{]-----++++++/////////+++*****@@964548-------- a explicação prende-se com o -------__________::::::::::L)()LJ???’’’’«««-------- facto de estar neste momento---------------//):;);(J:]--+/////++++++++*********[borboletas gigantes]----|||||ººººªªªª|||||||_____-______---------- a recordar um episódio assazengraçado... -------««----»»-- Estranho!Nevoeiroapodera-se do blog...-----------,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,________//&&amp;&%$$”#”#”/(%/çççççççççççççç::ç<<<<<<<<<<>>>>>>>><<@@££!!!----------- ------“”””#####$$$$$----- ---------------$$$$%%%%%%%%&&&&&&&}}-----

sábado, novembro 26, 2005

O Executivo rosa

Relativamente ao Governo de José Sócrates, podemos afirmar que nem tudo são rosas! Ao que parece, também existem para lá alguns elementos do executivo que são independentes...

sexta-feira, novembro 25, 2005

A “Instrução” do Vaticano

Segundo fontes fidedignas, o Vaticano, pela mão da sua Congregação para a Educação Católica, redigiu um documento, apelidado de Instrução, que deverá ver a luz do dia no decorrer da próxima semana. Ao que parece, este papel tece algumas considerações e linhas de guia quanto à comunidade homossexual e seu papel na Igreja católica. Através destas directivas, preconiza o Vaticano que deverá ser vedado o acesso ao sacerdócio aos homens “...com vincadas tendências homossexuais”. Julgo isto ridículo, já que os padres vestem-se com saias e túnicas, e as cores utilizadas nas suas vestes são, não raras vezes, um pouco berrantes... Vá lá, abichanadas!
Mais à frente o documento salienta que não pode “...admitir no seminário e nas ordenações sagradas aqueles que pratiquem a homossexualidade, que estejam enraizados em tendências homossexuais ou que apoiem a cultura gay”. Acho que se torna necessário explicar ao Vaticano que isso constitui, sensivelmente, quase toda população mundial. Os que não estão dentro desta bitola serão, quase de certeza, fundamentalistas islâmicos. Assim, arriscam-se a ficar sem padres.
No entanto, salvaguarda-se a situação em que tais “tendências” tenham sido “...claramente ultrapassada pelos menos três anos antes da sua ordenação como diácono”. Ora aí está! O gajo era uma bicha total, dormia com todos os gays e marinheiros que encontrava pela frente, chegou a vestir-se de mulher para enganar alguns homens, mas calma... isso foi há... deixa cá fazer as contas... três anos, quatro meses e onze dias. Sendo assim já pode ser ordenado!
A principal meta deste documento parece-me clara. A defesa do Vaticano dos recentes escândalos sexuais, nomeadamente os que envolvem pedofilia. Mas, refira-se, os pedófilos não são, obrigatoriamente, homossexuais. Além de tudo, não sei porque é que a Santa Fé se preocupa tanto com os comportamentos sexuais dos seus contratados. Os indivíduos não fazem um voto de castidade? Não são obrigados a renunciar os prazeres da carne? Se assim é, o que é que interessa serem homo, hetero ou bissexuais? De qualquer forma, eles nunca vão praticar... É como se o Vaticano, na pessoa do seu Papa, dissesse: “Ok malta! A partir de agora, escândalos sexuais, só em relações heterossexuais! Escolham prostitutas ucranianas, ou emigrantes ilegais brasileiras... Mas com uma ressalva! Por favor escolham sempre maiores de 18 anos!”

quarta-feira, novembro 23, 2005

Novo chá no mercado

Aproveitando a recente moda de produtos naturais, a empresa (Dis)Solver lança um novo tipo de chá – o Chá-Nax. Com propriedades únicas, esta bebida promete, a curto prazo, substituir grande parte da medicação química de certos doentes. Segundo especialistas esta essência ajuda em problemas de insónias e funciona também como calmante. Testes provaram que pessoas que sofrem de insónias adormecem 15 minutos após a ingestão desta nova variante de chá. Da mesma forma, os indivíduos que costumam ter “os nervos à flor da pele” acalmam quase instantaneamente, deixando-se preencher por uma sensação de paz interior, indo imediatamente rapar a cabeça e comprar túnicas cor-de-laranja. No entanto, nem tudo são rosas, e o governo já advertiu que se este novo produto baixar o rendimento com os impostos sobre os drunfes, ser-lhe-á aplicada uma taxa de IVA excepcional de 95%.
Curioso foi o facto de, no grupo de teste desta nova bebida, se depararem alguns efeitos secundários. Algumas cobaias, ao mesmo tempo que se besuntavam generosamente de caril, defendiam terem-se tornado indianas e tentavam manter as cordas da roupa erectas à custa de notas musicais arranhadas por uma flauta. Nas situações mais radicais, 2 pessoas morreram, na sequência de se deitarem numa cama de pregos, e 4 encontram-se em estado grave, ao tentarem engolir facas. Um número mais diminuto de testados sofreu de um estranho fenómeno de hipotermia, depois de se refugiarem em arcas frigoríficas. Efectivamente, estas pessoas pensavam que eram o Abominável Homem das Neves e que estava ali muito calor.
Numa decisão sem precedentes, a Liga de Clubes pondera a hipótese de alargar o patrocínio do campeonato neste ano desportivo. O Chá-Nax teria a sua imagem exposta nos painéis das Flash Interviews e nas camisolas dos árbitros. Além disso, a competição do escalão maior do futebol nacional passaria a intitular-se Liga Bet Chá-Nax & Win. Em troca, o Major Folhas de Loureiro pede apenas a distribuição gratuita do chá, aos trios de arbitragem com insónias e problemas de azia e aos dirigentes que costumam espumar da boca...

terça-feira, novembro 22, 2005

Tás mais…

E as pessoas insistem! Continuam permanentemente a salientar que estamos mais fartos. Como se não chegasse a humilhação introspectiva que a gordura que se acumula na cintura, vulgo pneu, nos faz sentir, estas criaturas têm a necessidade de gritar para o mundo a nossa condição obesa. Ok, estou gordo! Ok... consigo percebê-lo! Sim, porque eu não sou daqueles que se auto-engana! Estou gordo e não tenho problemas em afirmá-lo. Mas, o que me irrita, nem é o pneu que venho adquirindo, de forma regular e constante, ao longo destes últimos anos. Eu nem me preocupo muito com isso. Nunca fui um Don Juan, e não é agora que tenciono começar a sê-lo. O que realmente me aborrece são as pessoas que não sabem ver e calar. Tenho para mim a ideia de que esta conversa do: “Ah e tal tás bom! Pareces mais gordo!” – é um bocado como o paleio do tempo. Isto é, quando as pessoas não sabem o que dizer, decidem mandar esta acha para a fogueira do diálogo. Ainda por cima, os gajos que falam disto vêem-me todos os dias. Basta ressalvar o facto de estar mais gordo uma vez por mês, ou vá lá, todas as semanas. Tudo o que for para além disso torna-se monótono, e pode ser conotado como falta de imaginação.

O que se torna particularmente indigno é que estes sujeitos escolhem os momentos menos propícios para lançar estas deixas. Como quando estás rodeado de um grande número de pessoas, das quais algumas até te respeita. De preferência na presença de meia dúzia de miúdas atraentes. Mas dizia eu que, são estas as alturas em que se larga a frase: “Então?! Tás mais gordinho Miguel?!” Mas o que é que estes indivíduos procuram. Pretendem denegrir a minha imagem em público. Sem dó nem piedade. Ou, por outro lado, pretendem eles próprios ser enxovalhados, na sequência de uma reacção natural que possa ter a esta observação. Mas chateia o facto de, normalmente, estas pessoas são sempre magras, ou mais elegantes do que tu. Um gajo fica um bocado sem argumentos! Talvez algo tipo assim:

- Bom dia Miguel! Tás mais gordinho!
- Tens razão pá! Mas olha que tu perdes-te peso, hum!
- Achas? Eu não noto nada!
- É pá... Mas eu noto! Principalmente em termos cerebrais! Deves ter emagrecido uns bons 500 gramas de massa cinzenta!
- ???

No entanto, isto é capaz de não dar muito resultado. Não sei se esta classe populacional, sim porque esta é uma característica de uma dada franja da sociedade, usualmente ligada a famílias bem, sapatos Portside e camisas Sacoor, perceberá a indirecta. É mais fácil quando as pessoas têm, elas também, defeitos ou marcas de carácter físico:

- É pá oh Miguel! Tás mais cheiínho!
- Olha tu, com essa cinta, nem se nota o pneu!
- Qual cinta?
- Esta aqui [stretch!]. E o capachinho hoje está muito bem disfarçado!
- Mas eu não tenho capachinho!
-
Tens razão [paf!]. Onde é que eu tinha a cabeça! Tens é um couro cabeludo cabriolet, que involuntariamente ficou agarrado à minha mão!

domingo, novembro 20, 2005

Condições meteorológicas podem ser contagiantes


Um grupo de cientistas anunciou ontem que as condições meteorológicas podem ser contagiantes. Com efeito, após estarem enjoados de ouvirem expressões do tipo: “Tá um frio do cacete!” ou “Tá um calor que não se pode!”, o colectivo decidiu efectuar um aprofundado estudo sobre a possível influência do estado do tempo nas pessoas. Mais concretamente, se as condições meteorológicas podem alastrar por contágio. O grupo de estudo inter-disciplinar, conta com meteorologistas, psicólogos, sociólogos, geógrafos, matemáticos, etc., e chegou a algumas brilhantes conclusões. Assim, quando se faz a pergunta: “Hoje está mais frio, não acha?”; 95% dos indivíduos concordam imediatamente. Desta parcela, 49% das pessoas podem ainda nem ter saído de casa nesse dia. De ressalvar que este estudo realizou-se nos trópicos e baseou-se num universo heterogéneo de mais de uma centena de indivíduos, mantidos isolados de qualquer sugestão ou contágio exterior, e que 10% desta amostra era esquimó. Outra experiência consistia no famoso colete de lã. Para aqueles pouco familiarizados com este método, trata-se de trajar um indivíduo com um simples colete de lã. No dia seguinte é garantido que pelo menos 50% das pessoas do seu meio vestirá a mesma peça de vestuário voluntariamente. Para o sexo feminino, a peça a utilizar será a camisola de gola alta. Também se lançou a deixa: “Esta chuva não há meio de parar, hum?”, em dias de sol radioso. Por incrível que possa parecer, 75% da amostra anuiu automaticamente, sem sequer olhar pela janela, e destes os que tinham mais de 40 anos, acrescentavam: “E isso dá-me cabo do reumático!”. Uma parcela de 15% ficam na dúvida, mas após uma breve consulta à janela contradizem. Os restantes 10% – os esquimós – contradizem peremptoriamente e afirmam: “Tás parvo ou quê? Aquilo é neve!”. A última experiência realizada consistiu em apontar para o extenso areal da praia e comentar: “Ia pá! Olhó nevão que caiu ontem de noite!”. Aqui, as reacções foram das mais diversas. Cerca de 70% do universo estudado, calçou as luvas e foi para a rua fazer bonecos de neve, enquanto que 20 % decidiu ficar por casa e acender a lareira. Os 10% que sobejaram – os esquimós – tentaram desenfreadamente fazer um buraco no mar (que julgavam ser gelo), para iniciar a época de caça à foca.
Uma primeira hipótese formulada pelo grupo de estudiosos, aponta para que os fenómenos meteorológicos sejam mesmo contagiantes, e se transmitam pelo poder da sugestão. Não obstante esta forte probabilidade, os cientistas reservam uma opinião definitiva para o fim desta experiência, cuja segunda parte irá começar para a próxima semana, e que se debruçará sobre o fenómeno do calor.

sábado, novembro 19, 2005

A verdadeira identidade

Sócrates... Esse grande pensador e filósofo grego, talentoso jogador brasileiro, ilustre primeiro-ministro de Portugal. Assim, acredito que se torne difícil descobrir a sua verdadeira identidade. Depois admiram-se que os jovens sigam o caminho da política…

Taxista abusa da sorte

Na madrugada de ontem, um taxista abusou da sorte e saiu ileso. Segundo parece, a Sorte já apresentou queixa na esquadra da PSP de Massamá. Mas tudo indica que o prevaricador sairá ileso, pois, segundo fonte da própria polícia, a Sorte não anunciou testemunhas nem provas do ocorrido. A qualquer momento se aguardam novos desenvolvimentos neste caso...

quinta-feira, novembro 17, 2005

Réveillon

Noutro dia tive uma ideia genial, passe a modéstia. Pensei em organizar um grandioso réveillon. Mas esta coisa de organizar uma festa de passagem de ano demonstra-se cada vez mais difícil. E o problema nem se ligava ao catering ou ao local, mas sim com a escolha do número musical. Primeiramente julguei por bem arranjar um músico mais clássico, mas que fosse conhecido, e reconhecido, pelas diferentes gerações. Por isso mesmo resolvi contactar o Frank Sinatra. No entanto as desculpas que os artistas arranjar hoje em dia transpiram requintes de malvadez. Então não é o gajo vira-se e diz: “É pá! Não vai dar... É que eu morri!”. Porra! Isto é desculpa que se dê! De qualquer forma, não me dei por vencido e apontei agulhas para o Ray Charles. Para grande surpresa minha, o gajo deu-me a mesma escusa. Logicamente perguntei-lhe se ele me estava a tapar os olhinhos, pois tinha acabado de falar com The Voice e ele tinha dito o mesmo. O Ray achou que estava a fazer uma piada de mau gosto e desligou-me o telefone violentamente.
Decididamente as coisas não corriam da melhor forma. Acabei por pensar que não haveria assim tantas pessoas velhas que fossem a um réveillon. Assim, decidi contactar um grupo dos anos 60/70, que também reúne grande consenso nas diversas franjas etárias. Quando falava com o vocalista Jim Morisson, o indivíduo surge com a seguinte noção: “É pá... os Doors até podem ir, mas só com o vocalista dos The Cult.” É claro que fiquei estupefacto com esta resposta, retorquindo: “Então, mas esse vocalista não tinha falecido?!”. E o Jim diz: “Não pá! Quem morreu fui eu!”. Tive a nítida sensação que estava a ser gozado pelos artistas norte-americanos. Disse ao Jim que deixasse o LSD e desta vez desliguei eu o telefone sem aviso prévio. Depois ainda têm a lata de dizer que falta iniciativa aos portugueses. Um gajo cada vez que se mexe farta-se de ser gozado. É por essas e por outras, que vou fazer a passagem de ano em casa!

quarta-feira, novembro 16, 2005

Calçada Portuguesa em Gaza

Apraz-me comunicar uma ideia do cacete (autenticamente genial, digo-vos eu!) que me vai fazer rico. Rico não... milionário. Milionário??? Bilionário, multi-bilionário... Enfim, deu para perceber a ideia. Mas agora, com esta excitação toda, perdi-me... Ah! é verdade, a ideia de génio: exportar calçada portuguesa para a Palestina. Aquilo para lá, com a Intifada, o que mais precisam é de pedras, correcto? Portanto um gajo dava um orçamento para uma empreitada de calçada portuguesa, com belos paralelos ou cubos calcários. Após a sua colocação, bastava esperar pelo primeiro confronto com forças israelitas para os passeios ficarem todos arruinados. Aí entrava em acção a segunda metade do negócio. Os calceteiros entrariam em cena, para repor tudo. Que grande negocio. Primeiro entrava o dinheiro da obra, depois o dos constantes restauros... Uma autêntica mina (atenção mina de ouro, não daquelas coisas anti-tanques).

PS – Não sei se alguém já explicou àqueles putos, que mandar pedras contra tanques de guerra não dá muito resultado. É que esses veículos não ficam com dói-dói, são resistentes. Mas, enquanto os gajos forem estúpidos a este ponto, o negócio tem pernas para andar.

terça-feira, novembro 15, 2005

Não se aponta que é feio

É um lugar comum afirmar que apontar é feio. Mas, infelizmente, se eu não apontar esqueço-me logo das coisas… A idade não perdoa…

O Sentido da Vida...

Não é a primeira vez que me dizem que só estamos aqui (no mundo) de passagem. Se assim for, espero que esta passagem seja uma passagem de nível com guarda, sob pena de, não o tendo, sermos abalroados por um qualquer comboio temporal. Na realidade, a vida é um portal pelo qual a alma espera transitar para uma nova dimensão, ou seja, o depois da morte. A ser verdade, Deus deve ser uma espécie de Guarda da Brigada de Trânsito da GNR: “A sua carta celestial, ó faz xavor!”

domingo, novembro 13, 2005

O meu puto

Hoje um terramoto pueril, seguido de um tsunami infantil, afectou a minha residência. Isto quer dizer, que o meu filho decidiu que iria brincar. Pelo estado em que ficou o apartamento, diria que o fez, pelo menos, durante uma hora. E não lhe chegava espalhar os brinquedos e tudo o resto, também tinha de ir brincar com as torneiras da casa de banho. Interessante foi reparar que este fenómeno foi extremamente localizado, pois o restante edifício nada sofreu. Em conclusão, parece-me que terei de accionar o seguro da casa...

PS – Em homenagem ao meu filhote Guigo, que faz hoje 4 anos

sexta-feira, novembro 11, 2005

Carta das finanças

Noutro dia, chegava eu a casa depois de mais um stressante dia de trabalho, deparo com uma carta das finanças no meu receptáculo de correio. Ora é claro que fiquei espantado, porque não conhecia nenhuma Finanças que me pudesse escrever... No entanto, após breve reflexão, supus que poderiam querer fazer uma auditoria às minhas contas. O desespero começou a tomar conta do meu corpo, o que, para quem nunca lhe aconteceu, é uma sensação desagradável. Enquanto abria a carta tentava-me lembrar onde raio tinha enfiado as declarações de IRS. De repente reparei que se tratava de uma execução fiscal. Isso fez-me sentir importante! Com mil repolhos! Eu, um pé rapado sem onde cair morto, foi-me instaurado um processo de execução fiscal. Segundo o Serviço de Finanças do Montijo, eu teria em dívida não sei quê do IMI do ano de 2004. Depois de grande investigação cheguei à conclusão que se tratava da contribuição autárquica. Aquela mesma contribuição da qual tinha pedido isenção de pagamento, e pasme-se, tinha sido deferida. Na sequência de tudo isto disse para comigo mesmo: “Pera lá! Isto também não é nada bom... Tudo bem que enaltece o ego um gajo ter uma execução fiscal, tipo os gajos com dinheiro que fogem aos impostos, ou os clubes de futebol, ou assim. Mas acho que isto me pode trazer complicações...”

Efectuei vários contactos, com a repartição do serviço de finanças do Montijo, direcção-geral de Impostos, etc, mas a comunicação com a máquina burocrática, e a sua extensão humana – o funcionário público – mostrou-se infrutífera. Foi assim que abracei o caminho da religião. Falei com o Senhor (Deus) e perguntei-lhe que hei-de fazer à minha vida e este problema com as finanças... que caminho hei-de tomar. Foi aí que ouvi uma voz: “Olha pá, para ires para as finanças segues a estrada nacional até ao centro do Montijo, viras à direita no segundo semáforo, depois à esquerda para a Avenida dos Pescadores e novamente à direita como quem vai para a Praça do Tribunal. Quando entras nessa rua, contornas pela primeira à direita para chegar à Rua Comandante Francisco Silva Júnior, paralela à primeira. Logo a seguir à loja EDP encontras as finanças.” Nunca ninguém me deu direcções tão precisas sobre um caminho. Encontrei logo a repartição. Deus deve ser taxista...

quinta-feira, novembro 10, 2005

INFORMAÇÃO DE TRÂNSITO POLITICO-METEOROLÓGICA

No panorama nacional de hoje, José Sócrates vai enfrentar resistência na 2ª circular, com mar cavado de pequena vaga, sendo que Marques Mendes irá impugnar as portagens de Alverca, com fila devido a acidente e ondulação de noroeste com cerca de metro a metro e meio. O Professor Marcelo já informou que se tiver bom para o tubo vai fazer um pouco de body-board ao mesmo tempo que lê algumas das 10 000 obras que consulta semanalmente.

No parlamento há corte da via central, devido a obras na A1, que poderão ser de neve nas terras altas. No entanto, o PCP avisa que o trânsito faz-se regularmente pela via da esquerda, apesar das fortes rajadas de vento no litoral Ocidental. O BE diz que tudo isto é um autêntico engarrafamento na rotunda da Boavista, com previsão de subida da temperatura máxima.

Na região Sul do país, o CDS/PP chama a atenção para as recentes medidas do Governo, que provocaram uma situação de autêntico caos político, com o tráfego intenso na A5, lá para Cascais, com céu pouco nublado ou limpo. O porta-voz do partido, afirma ainda que o país precisava era de um Salazar em cada curva apertada na estrada da Serra de Sintra, com fraca visibilidade, em virtude do nevoeiro ou neblina matinal.

No Alentejo profundo, o líder crónico do PCTP/MRPP, Garcia Pereira, indica que aquele território continua a ser influenciado pela depressão associada a uma frente oclusa, que limita o acesso ao litoral Algarvio. Nota-se ainda algum congestionamento perto de Barrancos, devido à travessia da Estrada Nacional 114 da vara de porcos (pata negra) do Ti Jaquim.

Na Madeira, Alberto João Jardim defende períodos de trovoada, chamando a atenção para a avaria dos semáforos, no caminho das veredas da região sul da ilha. Enquanto isso, os Açores estão sobre a influência do Anticiclone, e a classe política adianta que, embora o arquipélago não tenha trânsito, sempre existem pastos verdes e vacas, o Pauleta e as suas bolas de queijo...

Rubrica – As Perguntas Que Nunca Foram Feitas III

Seguindo a orientação já delineada para a presente rubrica, Ene Capítulos foi conversar, em amena cavaqueira diga-se de passagem, com um dos políticos mais emblemáticos do passado século (ou do anterior, ou assim). Encontrámos um Aníbal Cavaco Silva simpático e conversador, mas ao mesmo tempo preocupado, não só com a situação económica do país, mas também com a constituição do seu próximo tabu, ainda sem tema. A este político com P grande decidimos perguntar: “Será essencial ser mentiroso compulsivo para se ser político?”


Ene Capítulos (EC) – Bom dia Professor Cavaco Silva e obrigado por nos receber!Aníbal Cavaco Silva (ACS) – Bom dia e não tem nada que agradecer. Sou o presidente de todos os portugueses, portanto recebo toda a gente.
EC – Mas professor, ainda não é Presidente...
ACS – Quem lhe disse a si?
EC – É que ainda não se realizaram as eleições presidenciais...
ACS – Ora... um mero pró-forma. Não se esqueça que eu nunca me engano e raramente tenho dívidas. Perdão... dúvidas.
EC – Pois nota-se. Mas professor, diga-nos por favor será essencial ser mentiroso compulsivo para se ser político?
ACS – Pois olhe... para dizer a verdade, não... hum... ajuda bastante.
EC – Poderia aprofundar mais um pouco professor?
ACS – Claro que sim. Olhe o meu exemplo. Na realidade, eu sou uma besta-quadrada, como todo o povo português teve oportunidade de assistir durante a minha governação, principalmente o segundo mandato.
EC – Sim, mas o que é que isso tem a ver?
ACS – Pois que eu no fundo sou uma pessoa antipática e com alguma arrogância. Agora desde que sou Presidente da República ando para aí a distribuir charme, sempre com um largo sorriso no rosto e com a Cavaca – a 1ª dama – pelo braço.
EC – Desculpe mas volto a frisar que ainda não é Presidente da República.
ACS – Você acha que se não tivesse a certeza que seria, alguma vez me candidatava? Já chegou levar nas ventas em 1996. Arrastei um tabu durante meses a ponderar todos os possíveis cenários eleitorais. Cheguei à conclusão de que só perderia contra D Afonso Henriques ou D Sebastião. Como o primeiro já morreu e o segundo desapareceu já há algum tempo, deduzo que tenho fortes possibilidades de ser o próximo Presidente.
EC – É pá você é incrivelmente mentiroso! Ninguém fez sondagens com os antigos reis de Portugal.
ACS – Quem lhe disse a si? Consegue provar o que diz?
EC – Não. Mas o professor também não consegue provar que foram feitas.
ACS – Mas isso é irrelevante. No nosso país basta mandar para o ar a suspeita para as coisas começaram a funcionar.
EC – Pois realmente é verdade. E diga-nos professor, se vencer as eleições quais as promessas ou primeiras medidas que executará?
ACS – Olhe vou dar uma barra de ouro a cada português.
EC – Não pode ser!
ACS – Pois não! Estava a brincar. Os meus consultores de imagem dizem que, de vez em quando se deve atirar uma piada. Dizem que é a imagem de marca do político moderno.
EC – Isso é estúpido!
ACS – Pois é, mas também não interessa! No entanto, posso-lhe garantir que irei inscrever o Tabu como matéria obrigatória nos currículos da Filosofia.
EC – Acha isso uma boa medida?
ACS – Nem por isso, mas apetece-me.
EC – E pode adiantar mais alguma coisa?
ACS – O TGV vai ser construído em cinco meses e passará por todas as estações e apeadeiros. Além disso, haverá um novo aeroporto da Ota em cada concelho de Portugal. Adianto ainda que Cahora Bassa irá ser transferida para o nosso país, acompanhada pelo Rio Zambeze.
EC – Mas isso é impossível?!
ACS – Pois é! Por isso é que dá jeito ser mentiroso compulsivo...

terça-feira, novembro 08, 2005

ESTATUTO ESPECIAL PARA FRANÇA

Hoje, na sessão vespertina do parlamento europeu, está prevista a aprovação de um estatuto especial para terras gaulesas. Segundo parece, França irá ser instituída como gueto da Europa. Especialistas que prepararam este diploma, defendem que o país reúne neste momento condições únicas para poder almejar este título. O ódio racial, a grande clivagem entre etnias e a diferença de equipamentos urbanos entre os centros citadinos e seus subúrbios, são algumas das razões apontadas para tão prestigiante nomeação. Fonte da União Europeia afirma que: “...os motins já lá estão, é só uma questão de oficializar a situação!”

Ao mesmo tempo, será apresentada a proposta para que Espanha se torne o posto fronteiriço por excelência, para a entrada de africanos no continente europeu. Experiência na matéria não falta a esta democracia. E quando a falta de razão imperar, pode-se sempre contar com um tiro ou dois para acalmar as hostes. As infra-estruturas já criadas, como os campos de concentração para alojamento dos clandestinos à espera de deportação, podem pesar nesta decisão. Além disso, Espanha é o único país europeu a deter, ainda hoje, um franchise (Ceuta) em terras africanas.

Para Portugal está prevista a proclamação a colónia oficial da Europa. Em breves palavras, esta aclamação significa que toda a escumalha poderá, por princípio, vir cá parar. Assim, os restantes países europeus terão a oportunidade de enviar para o nosso país todos os excedentes de emigrantes clandestinos. Nada a que não estejamos já habituados. Entretanto, em contrapartida, Portugal exportará os seus quadros médios e superiores recém formados. Países como Grã-Bretanha, Alemanha ou Suécia, dizem-se já preparados para receber este êxodo de licenciados, tentando de alguma forma atenuar a catástrofe humanitária que se antevê...

segunda-feira, novembro 07, 2005

QUEDA DE VENDAS DO WC PATO

Vítima da recente paranóia vivida no país com a célebre gripe das aves, o conhecido produto sanitário WC Pato registou uma quebra de 50% nas suas vendas. Efectivamente, estudos pedidos pela marca comprovam que os portugueses têm medo que o bico do pato lhes injecte o vírus pelo olho do cu. Isso poderia dar azo a uma constipação rectal, cujos sintomas passam por espirros e tosse anal, dores de nádegas e cólicas nos intestinos. Se o leitor experimentou nos últimos tempos algo semelhante, e se o citado produto equipa a sua casa de banho consulte imediatamente o seu médico ou farmacêutico. Se nenhum deles souber o que se passa consigo, é melhor averiguar o que realmente fez na noite anterior a ter acordado com uma grande ressaca...

domingo, novembro 06, 2005

Uma Criança é sempre Benvinda

É prática comum dizer que uma criança é sempre Benvinda. Na minha modesta opinião acho que há nomes muito mais bonitos que este!

Guiness World Records



Vamos lá ver se nos entendemos. Quem é que compra o livro do Guiness World Records? Mas esta malta está parva ou quê? A vantagem de comprar um livro destes é a mesma de comprar uma lista telefónica, ou seja, para o próximo ano já não está actualizado.

sexta-feira, novembro 04, 2005

Rubrica – As perguntas que nunca foram feitas II

No seguimento do apontamento “As perguntas que nunca foram feitas”, Ene Capítulos decidiu, desta ronda inquirir um jogador de futebol com provas dadas. João Vieira Pinto é já um veterano das lides futebolísticas e conta no seu curriculum com um passado incólume, excluindo as mútuas agressões com Paulinho Santos, o murro no árbitro do Mundial e mais outras coisinhas que agora não vêm para o caso. Decidimos perguntar a este vulto do futebol nacional: “Se não fosse jogador de futebol, o que faria na vida?”
Ene Capítulos (EC) – Boa tarde João Vieira Pinto e obrigado por nos receber.
João Vieira Pinto (JVP) – Boa tardes senhor jornalista.
EC – João, diga-nos, se não fosse jogador de futebol, o que faria na vida?
JVP – Quê?
EC – Isso mesmo que lhe perguntei. Se não fosse jogador de futebol, o que faria na vida?
JVP – É pá! Essa eu qu’eu, portantos, não tava à espera. Deixa cá pensar...
EC – Deixe-me reformular a questão. Se não jogasse à bola, dar pontapés naquele objecto esférico durante 90 minutos, num jogo onde o objectivo é marcar golos. Se não fizesse isso, que outra profissão teria?
JVP – Profissão qué isso?
EC – Então a profissão do João é futebolista.
JVP – Ai é! Olha que nunca tinha pensado nisso...
EC – Pois. E se assim não fosse o que faria?
JVP – Prontos! A primeira parte já lá cheguei. Descobri portantos que a minha profissão é futebolista. Agora o resto pá...
EC – Então João! Não tem mais interesses na vida... Não gosta de outras áreas?
JVP – É pá portantos, nunca pensei nisso. Nem nisso nem noutra coisa qualquer. Acho que nunca pensei na vida. Isso explica o facto de ter sido pai, portantos noves fora nada... com 16 anitos.
EC – Por falar nisso o seu filho mais velho parece que está a seguir as suas pisadas, não é verdade?
JVP – Ah! Então é o cabrão do puto! O Gajo anda-me portantos a seguir! Pois pr’isso é quésta cena com a Marisa Cruz chegou aos ouvidos da outra!
EC – Não percebeu-me mal. O que digo é que o seu filho também quer ser futebolista. E parece que se está a dar bem não é verdade?
JVP – É pá, p’ra dizer a verdade não sei, já não vejo o puto à bués.
EC – Então mas não mantém contacto com os seus filhos?
JVP – Ouve não é isso! É qu’à cerca de 1 ano foi ver um teatro lá da Marisa. Sim, quela fez uma peça! Então desde lá que ando ocupado a tentar perceber o que se passava lá...
EC – Então mas João, aquilo era uma comédia musical, com um discurso directo!?
JVP – Pois pá! Já viu o desgaste mental a que tou sujeito de 1 ano p’ra cá.
EC – Sem dúvida. Foi a entrevista possível com João Vieira Pinto, a quem agradeço pela sua hospitalidade.
JVP – Ora hospital na cidade, hospital na cidade... Prontos, assim de repente não tou a ver. Mas pergunta aí a um bófia, qu’esses devem saber...
EC – Hum... Pois.

quinta-feira, novembro 03, 2005

Na Ponte... A Passagem...

Os primeiros raios do astro rei começavam a tingir o manto escuro de laranjas e rosas. O dia adivinhava-se quente e soalheiro. E eu encontrava-me ali. Prostrado naquela ponte. Sentado no pavimento, meus pés balouçavam no vazio. A hora era madrugadora e os poucos carros que passavam nem reparavam na minha figura. Não evitei estabelecer uma parábola com a minha própria existência. Na realidade durante o meu percurso de vida, as raras pessoas que se cruzavam comigo, pouco ou nada me ligavam. Até os animais de estimação que por vezes tinha, mais à força de ofertas da minha mãe do que por minha iniciativa, morriam passado pouco tempo. Do cágado ao periquito, do cão ao peixinho dourado.

Uma pessoa houve que me acompanhou durante um largo período. Mas ela teve o bom senso de terminar o nosso relacionamento, na precisa altura em que há 3 meses não recebia salário. Porra! Mesmo na véspera de ser despedido é que aquela gaja acaba comigo! Que coincidência. Mesmo quando precisava de mais apoio. Aquele apoio que nos últimos meses, já não existia. Lá no trabalho, quando confrontei os patrões com o meu despedimento, deram-me a razão de contenção com as despesas. Numa época em que as fábricas começavam todas a fechar, para se recolocarem em países que permitam uma maior competitividade. Países em que a mão-de-obra é mais barata e o trabalho infantil além de legal é incentivado, por sociedades e governos para os quais direito das crianças nada significa. Nada mais podia esperar. Em breve, outros colegas iriam seguir o meu caminho. Depois a fábrica cessou a produção. Por fim, encerraria os portões.

E eu ali, sem saber muito bem o que fazer da minha vil existência. Pensei por momentos nos camaradas de labuta que estariam a passar o mesmo que eu. Desejei fortemente que fosse o único naquela situação, mas quando olhei para o lado, lá estava o chefe de turno. E mais à frente o supervisor. E mais à frente alguém da linha de montagem. E mais à frente... mais à frente... à frente... Consecutivamente. Senti-me impotente perante aquele cenário. Por momentos entreolhámo-nos, na tentativa de algo encontrar sem ser o vazio, a ausência de esperança. Quando falta um rumo à vida, que fazer? Saltei sem pensar duas vezes, tal como todos os outros que naquela madrugada partilhavam o tabuleiro da ponte.

Já a manhã ia a meio, quando os bombeiros e polícias acabavam os trabalhos de remoção dos cadáveres da via pública. As ruas eram limpas do sangue à mangueirada. O mesmo sangue trabalhador que tinha incentivado aquele inóspito lugar. Alguém entre assistência daquele macabro episódio perguntou “Porquê?”. Ninguém respondeu. Apenas se ouvia a pressão da mangueira e os murmúrios constantes das viúvas e órfãos. Lá do alto, acompanhado pelos outros suicidas, eu sorria. Por uma vez na vida não estava só...


quarta-feira, novembro 02, 2005

Rubrica – As perguntas que nunca foram feitas

Doravante, Ene Capítulos irá abrir uma nova rubrica intituladaAs Perguntas Que Nunca Foram Feitas. Será um espaço toldado por conversas informais, com personagens de créditos firmados na nossa sociedade, à volta de um determinado assunto. As primeiras entrevistas vão-se cingir à questão – “Onde gostaria que não houvesse vida?”
Assim, passamos de seguida a transcrever a conversa com a Professora Estrelinha Cai-Cai, licenciada em Astrofísica e doutorada em Astronomia Aplicada, pelo Instituto Superior da 3ª Aura Celeste.

Ene Capítulos (EC) – Professora Cai-Cai, onde gostaria que não houvesse vida?
Professora Cai-Cai (PCC) – Olhe, sei lá, em Marte.
EC – Desculpe? Disse em Marte ou em Markl?
PCC – Disse mesmo em Marte. Mas essa coisa do “Há vida em Markl” também poderia acabar. Não é por nada... Só que aquele indicativo
anterior, composto pelo Ginjas ou Jimba ou lá quem é, já irrita um bocado!
EC – Mas há mesmo vida em Marte!?
PCC – Pois evidentemente que sim.
EC – Desculpe é que não fazia a mínima ideia.
PCC – Pois, o povo é muito inculto. Em determinadas matérias! Se um clube de futebol em Portugal contratasse um marciano, com certeza que já sabia.
EC – Realmente. Mas diga-me, porquê acabar com a vida em Marte?
PCC – Olhe, aquilo já é muito aborrecido. Quando descobrimos pela primeira vez aqueles seres ficámos montes de contentes e não sei quê. Só que agora já não é novidade. É tipo uma colecção do último Outono/Inverno.
EC – Mas diga-me como são os marcianos.
PCC – Olhe são muito chatos.
EC – Ah! Portanto são bidimensionais.
PCC – Quais bidimensionais, não seja parvo. São chatos porque estão sempre a fazer a mesma coisa.
EC – Compreendo. E essa coisa o que é ao certo?
PCC – Basicamente tremer. Você nem imagina o frio que faz lá para Marte está a ver.
EC – E nada mais?
PCC – Pois realmente não. Também têm para lá uma liga de futebol do sistema solar, com equipas de Vénus e Plutão, mais não sei quê, só que aquilo acaba tudo à tareia.
EC – Então mas esses outros planetas também têm vida?
PCC – Não seja parvo, claro que têm. Todos os planetas do nosso sistema.
EC – Porquê que essa liga acaba sempre a pancada? Julgava que as civilizações alienígenas fossem mais desenvolvidas que a terrestre?
PCC – Quanto a essa questão os sociólogos planetários divergem. Uns dizem que se prende com o sistema. Outros dizem que se relaciona com as sondas enviadas ao planeta Marte – sede desse torneio. Os marcianos culparam os venusianos de terem aterrado esses corpo estranho no meio do campo de futebol. Por seu lado, os venusianos incriminaram os plutões, enquanto estes últimos descarregam as culpas sobre os marcianos. Uma outra facção, ligada aos comentadores de desporto interplanetário, opinam que esta situação se prende com um Major saturniano, que autorizou um patrocínio de um site de apostas da Via Láctea, e que há uns árbitros ao barulho que receberam uns fios de ovos. Resumindo... ao certo ninguém sabe.
EC – Isso é bastante complicado! Parece quase o que se passa em Portugal!
PCC – Já percebeu porque é que acabava com a vida em Marte. E olhe digo-lhe mais, já que estávamos com a mão na massa, extinguia-se também a vida nos outros planetas do nosso sistema.
EC – Isso não seria uma medida muito radical?
PCC – Não, repare. Na realidade eu abracei esta profissão para encontrar civilizações mais avançadas, com as quais poderíamos aprender qualquer coisa.
EC – E depois descobriu esses extraterrestres.
PCC – Autênticos bárbaros, digo-lhe eu. E isto não tem nada a ver com racismo nem nada do género, que a empregada lá de casa até é preta, tal como o jardineiro e o condutor. Temos de dar trabalho a essa gentinha, não acha? É que senão vão roubar, e sei lá o quê, e isso não é bonito.
EC – Hum... Não poderia concordar mais Professora. Muito obrigado por tudo

terça-feira, novembro 01, 2005

Loja do Cidadão Idoso

Em virtude do envelhecimento constante da população, e sempre atento às necessidades desta, o Governo decidiu lançar um novo serviço bastante audaz. Trata-se da Loja do Cidadão Idoso, inaugurada na passada semana, conceito que pretende unir no mesmo espaço todos os serviços que a 3ª idade possa necessitar. Assim, neste local é possível levantar dinheiro ou efectuar transacções bancárias, ao mesmo tempo que se recebe uma transfusão de sangue ou uma injecção para a diabetes. O espaço está também destinado aos filhos e representantes dos idosos que já não consigam tratar dos seus assuntos, podendo para o efeito ser depositados no bengaleiro à entrada e recolhidos à saída. Contempla ainda uma agência funerária com desconto para doentes do foro oncológico. As numerosas salas de espera, além dos vários ecrãs de plasma distribuídos que passam a programação da RTP Memória, estão equipadas com desfibrilhadores, para o caso de acontecer alguma paragem cardíaca, e algumas garrafas de oxigénio. Sempre na vanguarda e tentando abranger uma maior franja da população sénior, a Loja do Cidadão Idoso promete para breve um serviço de para transporte de pessoas que não se possam deslocar por meios próprios. Este serviço é constituído por um grupo de experientes estafetas de moto, que recolherão os idosos nos seus lares e posteriormente os devolverão à procedência. Também em fase de acabamento está a ala do fraldário, onde se poderá trocar as fraldas a todos os idosos incontinentes.

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